Sujeito ao contrário
Eu ainda sinto falta dela. Todos os dias, na verdade. Nos encontramos outro dia e foi como se nada tivesse mudado. Mas depois eu voltei pra casa e pros meus cigarros de consolação enquanto ela foi curtir com as amigas a vida que escolheu ao invés de ficar ao meu lado. E isso doeu pra caralho. Mas por outro lado foi bom. Me fez ver que por mais que eu a ame, ainda parecemos seres de épocas diferentes. É como se eu fosse um homem do futuro, estancado no corpo de um cara de dezoito anos ao mesmo tempo em que ela vive no presente os anos de ouro dessa transição - adolescência pra idade adulta. E apesar da porra da minha alma conectar com a dela praticamente na velocidade da luz, a cada dia que passa esse buraco negro que existe entre a gente fica maior. E vou me acostumando a não sentir falta. É deprimente. Mas a amo. Ainda sinto falta das bochechas gigantes e quentinhas dela no meu rosto. Ainda quero repousar em seus braços. Ainda quero que ela queira ficar olhando pros meus olhos. Ainda quero aquelas conversas inteligentes que só tenho com ela. Mas a cada dia quero menos. Por hoje o que mais quero é que ela se encontre, se descubra e se ame. Quanto a mim, o que mais posso fazer além de amá-la incondicionalmente?
- Gabriel.