Páragrafos retalhados
Faz um bom tempo que não piso por aqui, na verdade faz um bom que não piso em lugar algum. Ando no automático: trabalhando pelas manhãs e tardes, deixando noites para a vida acadêmica. O certo é que, na semana passada uma foto reapareceu na galeria do meu celular, e por mais que o leitor não acredite, mas a foto ressurgiu sem eu ter culpa alguma.
Foi a primeira foto que tirei junto à garota que gostava há uns atrás. Lembro que estávamos acordando na casa de um casal de amigos, e eu tirei a foto enquanto ela ainda dormia porque tinha receio de pedir pra tirarmos uma foto juntos, tanto o receio que ela aparece abraçada comigo e de costas pra câmera. Quando ela acordou, disse que a foto era "fofa", e eu meio que me senti aliviado e feliz, naquele momento.
Bom, com o passar do tempo e nossa separação prematura dediquei - me a minha vida profissional e acadêmica; dediquei - me ao materialismo e ao que realmente poderia ficar comigo até os últimos dias ou o mais perto dos últimos dias da minha vida. Mas, há um certo vazio quando olho novamente para aquela foto, e vejo que em algum espaço-tempo aquele momento ainda existe: no espaço enquadrado da foto.
Aquele momento está congelado, e não importa o que nos aconteça individualmente, e mesmo que tomemos qualquer decisão e formos para qualquer lugar do mundo, dentro daquele espaço estamos imóveis e aparentemente felizes com toda situação que na realidade não existe mais. O que é a realidade? A definição mudaria o contexto aqui, e eu prefiro não surtar na tentativa de definir.
O foco aqui é: eu estava tão acostumado com a minha vida no automático e metas diárias para cumprir, mas bastou uma foto antiga e sem motivo para ressurgir, que minha capacidade nostálgica foi atingida e consequentemente minha capacidade de análise. Talvez o nome disso seja saudade, mas acho que só foi má sorte.