dilema

“…não escrevo para ti nem para mim, nem para vós nem para quem quer que seja… escrevo para uma cor branca onde vejo estas letras serem desenhadas… não espero delas o que quer que seja nem tão pouco anseio pelo fim da própria escrita… são apenas os dedos que batem aqui e ali ou acolá, nestas teclas pretas que sinto vibrarem dentro de mim, sim, as teclas é que vibram dentro de mim porque elas representam palavras, sentimentos para sentir, gritos para silenciar, silêncios para gritar, lágrimas para secar ou mesmo sorrisos para brilhar na face de quem escreve ou de quem lê… não espero nada de quem as vê… um pálido correr da visão pelas letras que formam esta mera ilusão de escrever quando não se sabe o que dizer… mas são palavras que estavam dentro de mim… já não estão… já não são minhas… são meras letras espalhadas pelo ecrã deste monitor… letras de prazer, de dor mas também de amor… o dilema, sempre o mesmo e eterno dilema do escritor…”

Joaquim Nogueira