Sinos da Anunciação

Senhor,

Das imperfeições dos anos de aguardo de chuva cálida todos os dias, permanece a insistente vontade de gargalhar ao som de qualquer fala que vier de você.

Permanece o brilho prateado e mágico dos momentos de ouvir o vento e nele, lançar pedras preciosas flutuantes em busca de ressonância em coisas tão suas.

Fica a persistente fé na imutabilidade do sentimento que canta até mesmo nas noites silenciosas da insônia de questionamentos.

Olhos de outrora, sorrisos decantados em festas, encontros, desencontros e no rosto assolado pelo assombro do impacto no coração que, rebelde, insiste em fustigar as horas agora de descanso.

Pensamentos esparsos todos os dias. Minutos de devoção dolorosa à espera da palavra, da voz, uma ousadia na imaginação de um beijo...

Saudade...

Eis as palavras que muitas vezes extrapolam a razão, a inquietude, a determinação e as considerações nossas de todos os dias.

O sentimento, ainda que eternamente declamado, muitas vezes não toca a pedra. Há crenças de outras eras, aprendizado que ofusca o brilho que deveria rasgar de sol a sol o sorriso.

Não me abalo.

As armas, quero depô-las todas em prol do que carrego na alma.

Sem peso ou mácula, aprender no dobrar dos sinos da anunciação o significado de tão declarado amor. O meu. O seu.

Sim, os dias de areia escaldante dos caminhos por onde andei e onde fui vista por você, ainda fazem festa em mim.

Eles me conduziram neste desaguar que se fez em sonhos e se fez em planos e se tornou novamente um sonho. O melhor deles.

Os anos, antes agressores, hoje me mostram que não há mais nada a temer.

E eu, criada nesta sinfonia de notas, aromas, cores e promessas, me pego prestando contas para a balança da Lei.

Ela, que me premia todos os dias e aguarda de braços abertos à espera da minha gratidão.

Sim. Senhor dos meus dias de espera. A magia incontestável que produz os “pulos da alegria” permanece encapsulada, aguardando o reflexo da felicidade antes tão sua e por consequência, minha.

Por trás do véu que cobre os mistérios e além da materialidade que ilude, a verdade perpetua.

Não há querer na razão.

Não há regra em qualquer pensamento.

Epifania apenas...

Tamanho é o amor que sinto por você.

Edeni Mendes da Rocha
Enviado por Edeni Mendes da Rocha em 06/06/2014
Reeditado em 06/06/2014
Código do texto: T4834917
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