O Apanhador de Sonhos
Apanhador de sonhos, caçador de sonhos ou dreamcatcher em inglês, é um amuleto originário da cultura indígena ojibwa (ou chippewa). Segundo a lenda, este objeto feito de um aro de salgueiro, fios que lembram uma teia de aranha e algumas penas, é capaz de evitar pesadelos e filtrar energias negativas.
Eu não sou este tipo de apanhador de sonhos. Se fosse, teria algum valor.
Eu sou um apanhador de sonhos ao contrário.
Melhor seria se me chamassem de “devorador”, ou quem sabe, “destruidor de sonhos”, porque aí sim, haveria justiça.
Mas não pense você que faço isso premeditadamente. Não é verdade.
Não sinto prazer em apupar os planos alheios para depois fragmentá-los entre meus dedos ávidos pela morte.
Não sou tão canalha assim e nem tampouco medíocre. Sim, medíocre pois a simplicidade de um ato tão rústico só pode definir a pouca inteligência submetida ao instinto e ao desejo e não é o meu caso.
Primeiro, porque não planejo nada. Segundo, se fosse realmente minha intenção alimentar meus impulsos egóicos eu o faria com minúcias de mestre e não como um idiota descontrolado.
Sou, portanto, um destruidor de sonhos equivocado, o que muito me irrita.
Não sinto prazer nem na execução, na destruição ou nos escombros oníricos que vejo em seguida.
E contrariando todas as contorções típicas de quem se esbalda com isso, só sinto culpa e remorso quando vejo o estrago que causei.
Então, você que navega comigo nestas águas profundas e muitas vezes geladas, não seja o juiz de atos tão cegos. Não se deixe abater pelas falas e opiniões deste que ignora que ignora.
Não é este o fio divisor do sábio? Compreender e perdoar?
Sim, sei que meu discurso soa falso diante dos meus insistentes atos, mas as leis mundanas são assim: o mais forte vence sempre, de alguma forma e diante da fraqueza da minha personalidade, só posso deduzir que já sou vencido. Em todas as instâncias, em qualquer argumento.
Compaixão é fortaleza, meu amigo. Portanto, olhe para mim e se compraza.
Eu, que tantas vezes vestido do destruidor de sonhos, nada mais sou que uma caricatura equivocada de quem gostaria muito de também possuir algum tipo de força.
Mas não sou e isto também não me incomoda.
Desconheço a inteligência que o conduz da mesma forma que desconheço meu potencial para esmagar sua euforia. Posso, portanto, ser punido por isso?
A resposta é sim!
Não por você ou por quem se viu preso nos meus fios de amuleto indígena, mas pela minha própria consciência. Cega de preceitos, normas e crenças, ela é ainda a voz primordial que me cobra nas horas de recolhimento no escuro.
No final de tudo, ria e se alegre diante do tolo cômico que se mostra diante de você.
Um perfeito perdido que sem saber, macula os olhos de quem o vê, o lê e confia nas palavras toscas que nos momentos de emoção saem da sua boca.
Eu sou um sincero equivocado, mas isto não ameniza os cacos de sonhos que deixo espalhados pelo caminho.
Se puder, sorria, se sucumbir agrida, se tiver bondade, finja que releva e a vida continua.
Eu não sou este tipo de apanhador de sonhos. Se fosse, teria algum valor.
Eu sou um apanhador de sonhos ao contrário.
Melhor seria se me chamassem de “devorador”, ou quem sabe, “destruidor de sonhos”, porque aí sim, haveria justiça.
Mas não pense você que faço isso premeditadamente. Não é verdade.
Não sinto prazer em apupar os planos alheios para depois fragmentá-los entre meus dedos ávidos pela morte.
Não sou tão canalha assim e nem tampouco medíocre. Sim, medíocre pois a simplicidade de um ato tão rústico só pode definir a pouca inteligência submetida ao instinto e ao desejo e não é o meu caso.
Primeiro, porque não planejo nada. Segundo, se fosse realmente minha intenção alimentar meus impulsos egóicos eu o faria com minúcias de mestre e não como um idiota descontrolado.
Sou, portanto, um destruidor de sonhos equivocado, o que muito me irrita.
Não sinto prazer nem na execução, na destruição ou nos escombros oníricos que vejo em seguida.
E contrariando todas as contorções típicas de quem se esbalda com isso, só sinto culpa e remorso quando vejo o estrago que causei.
Então, você que navega comigo nestas águas profundas e muitas vezes geladas, não seja o juiz de atos tão cegos. Não se deixe abater pelas falas e opiniões deste que ignora que ignora.
Não é este o fio divisor do sábio? Compreender e perdoar?
Sim, sei que meu discurso soa falso diante dos meus insistentes atos, mas as leis mundanas são assim: o mais forte vence sempre, de alguma forma e diante da fraqueza da minha personalidade, só posso deduzir que já sou vencido. Em todas as instâncias, em qualquer argumento.
Compaixão é fortaleza, meu amigo. Portanto, olhe para mim e se compraza.
Eu, que tantas vezes vestido do destruidor de sonhos, nada mais sou que uma caricatura equivocada de quem gostaria muito de também possuir algum tipo de força.
Mas não sou e isto também não me incomoda.
Desconheço a inteligência que o conduz da mesma forma que desconheço meu potencial para esmagar sua euforia. Posso, portanto, ser punido por isso?
A resposta é sim!
Não por você ou por quem se viu preso nos meus fios de amuleto indígena, mas pela minha própria consciência. Cega de preceitos, normas e crenças, ela é ainda a voz primordial que me cobra nas horas de recolhimento no escuro.
No final de tudo, ria e se alegre diante do tolo cômico que se mostra diante de você.
Um perfeito perdido que sem saber, macula os olhos de quem o vê, o lê e confia nas palavras toscas que nos momentos de emoção saem da sua boca.
Eu sou um sincero equivocado, mas isto não ameniza os cacos de sonhos que deixo espalhados pelo caminho.
Se puder, sorria, se sucumbir agrida, se tiver bondade, finja que releva e a vida continua.