carta ao amor
Meu caro amigo
Há quanto tempo não nos falamos. É certo que não nos falta tempo para isto, mas bem sei o quanto andas ocupado pelo mundo. Tenho pensando ultimamente em lhe enviar uma mensagem, mas creio que não saber o seu destino. As suas atribuições são tão diversas entre si que temo enfrentar o desconforto de te encontrar e te deixar ir.
Gostaria de saber o que está fazendo neste momento. Se lhe sobra tempo para pensar em mim? Minhas lembranças ainda que remotas, estão repletas de consistência. Lembro da primeira vez que nos encontramos e também da última, no qual nos esbarramos quase imperceptíveis aos olhos um do outro. Hoje senti sua falta. O coração bateu acelerado e a respiração ofegante, demonstrando claramente, que mesmo distante, o sentimento ainda é novo e nobre.
Ao receber esta carta, sei que está sempre ocupado, reflita um instante. Não cabe a mim esta solidão incessante, se um dia, quase amantes, fomos um para o outro mais que qualquer caso ao acaso.
Bem sei que não fui sua amiga, às vezes. Nem sempre te entendi. Mas reconheço também, que ardilosa é a sua forma de compreender o incompreensível. Divergências acontecem, mas amigos não precisam concordar com tudo. Precisam estar dispostos a abrir mão de teorias aplicativas e viver o que simplesmente não tem explicação.
Portanto caro amigo, acho que está mais do que na hora de fazermos as pazes. Se eu errei, peço-lhe perdão. Mas se o erro foi seu, em me confundir, me desorientar e me punir, acho que está também na hora de se redimir e retornar ao meu coração.
Volte breve, de braços abertos.