Amor de amigo nunca morre
*Indico que ouçam as músicas. Depois, durante, conforme a preferência. A última em especial é um presente.
Velho amigo,
Lembro do dia que desabafei com você sobre os problemas com meu pai. Eu sempre tive dificuldade para dizer o que quer que fosse. Chama-se medo, nesse caso de decepcionar. Você, que me conhece como a palma da mão, me disse pra escrever uma carta. Eu não escrevi. Até hoje não enfrentei isso de frente, talvez um dia. Só não quero cometer o mesmo erro, pelo menos, não com você.
Preciso te contar tudo que sinto, mesmo sabendo que essa carta não chegará às suas mãos. Às vezes parece que meu inconsciente entende que você vai embora pra sempre. Não é verdade, né?! Renato Russo uma vez disse que mentir pra si mesmo é a pior mentira. Não quero me enganar assim, eu sei a verdade. Mas, acredite, sou mais forte agora, ao menos mais do que fui no passado (eu já fui ???). Te esquecer não dá, então... let it be.
Vejamos, o elogio mais especial que recebi não foi de longe 'exemplo de menina'. Eu nem queria ser isso. Eu queria ser diferente, engraçada, inteligente e, também, bem humorada. Modéstia à parte, acho que consegui. No mínimo, estou no caminho. Obrigada por isto, foi o melhor que alguém já fez por mim. Naquele Natal, nenhum presente superou suas palavras.
Antes eu procurava meu lugar no mundo, cansei. Não tenho; acho, de vez em sempre, que não sou daqui. Percebi que sigo no meu próprio caminho e isso basta. Por hoje, basta. Pra entender ouça 'She moves in her own way', do The Kooks.
Sabe o que mais me dói quando penso no passado? Ele acabou e nós nem o vivemos. Eu queria planos causais. Ouvir Beatles com você, sentindo o vento no rosto, sentada no banco de passageiro do seu carro. Eu nunca fui 'aquela' do seu lado, muito menos mais do que isso. Quem sabe um café? Tudo bem, pra você pode ser uma cerveja. Fui ver o novo filme do James Bond no cinema, você poderia ter ido comigo. Gostamos de ação. Eu sei, não dá mais. Saiu de cartaz faz um tempo. Tempo demais.
Vou ser bem racional agora, tá? Você foi embora no Natal. Eu comecei a escrever tava bem calor aqui. Ainda tá, tratei de precisar do meu calor e de mais ninguém. Eu tô feliz como nunca estive. É uma sensação de liberdade e amor próprio que não dá pra explicar. Você deveria experimentar. Eu te quero assim, de bem com a vida, com si mesmo. Se aí, na terra do 'Tio Sam', pertinho da estátua da liberdade, você tá feliz, eu também tô. Não me liga se não quiser ouvir minha voz, não aparece se não for vontade de me ver. Ainda tenho um sorriso tímido pra você.
Por fim, faz a sortuda que ficar com você a mulher mais feliz do mundo. Faça ela se sentir única e torne isso verdade. Eu também serei a sortuda de alguém um dia.
Quando sobrar um tempo na sua vida capitalista e americanizada (risos), ouve Just Friends, da Amy. Senti a música, senti o jazz. Me senti nela e do lado esquerdo do peito. É a minha mais sincera declaração de amor por você. É só sua, pra sempre só nossa.
Se eu gritar, você não vai ouvir, mas seu coração vai saber que sou eu. Não esquece: amor de amigo nunca morre!
Um beijo bem docinho da sua amiga.