Lavras, 14 de agosto de 2012
Querida amiga.
Hoje é dia de seu aniversário – um dia que nunca esqueço, principalmente porque sei da alegria que você sente em comemorá-lo. Nem consigo me lembrar de quantas vezes fui até sua casa para abraçá-la nesse dia. Lamento que agora você esteja vivendo longe de nós, suas amigas, que não a esquecem e sabem a importância que teve em nossas vidas, conhecer você.
Uma tarde dessas estava eu fazendo um eletrocardiograma e da varanda do Consultório Médico eu via as casas de sua rua. Não dava para ver sua, só o telhado e fiquei pensando em quantas vezes nos reunimos ali. Desde quando? Acho que desde sempre porque já não consigo lembrar-me de nada importante em minha vida que você não tenha participado.(Descontando os exageros, não podemos esquecer que participamos de terapia de grupo juntas durante anos.)
Sei que aprendemos muitas coisas juntas, sei que aprendemos uma com a outra, mas o que me importa realmente é que sei o quanto aprendi com você. Podem até parecerem coisas pequenas, mas só eu sei o quanto foram importantes. Aprendi a abraçar, eu que sempre reagia ao contato humano com uma barreira intransponível, como se colocasse uma tábua me separando de qualquer pessoa. Aprendi a importância de esperar das pessoas só aquilo que elas podiam me dar e assim de contar os amigos apenas com os dedos de uma mão, passei a considerar o mundo todo como amigo (ou quase). Aprendi que não preciso ter a mesma opinião sempre, porque sou um ser pensante e como tal posso mudar de opinião todas as vezes que achar motivos para isso. O valor do autoconhecimento. Coisas que não aprendi? Claro que elas existem...não acredito em tudo que me contam, não aprendi a usar a crase, não aprendi a cortar cabeças...
Vivemos juntas muitas coisas, mas há uma coisa que se tornou única para mim: fui testemunha de uma quantidade infinita de casamentos, mas de divórcio, o seu foi o único em minha vida. E você nem sabia onde seria a cerimônia! E depois, de encontro ao ex desencontrado, vocês tiraram de letra (ele eu tenho minhas dúvidas) enquanto nós, HM e eu, ficamos a beira de um ataque de lágrimas.
Era para ser um bilhetinho e estou notando que está virando uma carta. Meio destrambelhada, assim como eu. Mas o que podia eu mais fazer para você saber o quanto sua amizade é importante em minha vida? Sei que você sabe, mas não custa lembrar porque não quero que esqueça. Nunca.
Relembrando tempos que não vivemos, peço desculpas por essas mal traçadas linhas e os erros do novo português que ainda não aprendi. Seria o cúmulo se eu lhe pedisse para revisar esta carta, como fez com os livros que escrevi. De qualquer forma um beijo saudoso e um abraço confortador.
Da
Merô
Querida amiga.
Hoje é dia de seu aniversário – um dia que nunca esqueço, principalmente porque sei da alegria que você sente em comemorá-lo. Nem consigo me lembrar de quantas vezes fui até sua casa para abraçá-la nesse dia. Lamento que agora você esteja vivendo longe de nós, suas amigas, que não a esquecem e sabem a importância que teve em nossas vidas, conhecer você.
Uma tarde dessas estava eu fazendo um eletrocardiograma e da varanda do Consultório Médico eu via as casas de sua rua. Não dava para ver sua, só o telhado e fiquei pensando em quantas vezes nos reunimos ali. Desde quando? Acho que desde sempre porque já não consigo lembrar-me de nada importante em minha vida que você não tenha participado.(Descontando os exageros, não podemos esquecer que participamos de terapia de grupo juntas durante anos.)
Sei que aprendemos muitas coisas juntas, sei que aprendemos uma com a outra, mas o que me importa realmente é que sei o quanto aprendi com você. Podem até parecerem coisas pequenas, mas só eu sei o quanto foram importantes. Aprendi a abraçar, eu que sempre reagia ao contato humano com uma barreira intransponível, como se colocasse uma tábua me separando de qualquer pessoa. Aprendi a importância de esperar das pessoas só aquilo que elas podiam me dar e assim de contar os amigos apenas com os dedos de uma mão, passei a considerar o mundo todo como amigo (ou quase). Aprendi que não preciso ter a mesma opinião sempre, porque sou um ser pensante e como tal posso mudar de opinião todas as vezes que achar motivos para isso. O valor do autoconhecimento. Coisas que não aprendi? Claro que elas existem...não acredito em tudo que me contam, não aprendi a usar a crase, não aprendi a cortar cabeças...
Vivemos juntas muitas coisas, mas há uma coisa que se tornou única para mim: fui testemunha de uma quantidade infinita de casamentos, mas de divórcio, o seu foi o único em minha vida. E você nem sabia onde seria a cerimônia! E depois, de encontro ao ex desencontrado, vocês tiraram de letra (ele eu tenho minhas dúvidas) enquanto nós, HM e eu, ficamos a beira de um ataque de lágrimas.
Era para ser um bilhetinho e estou notando que está virando uma carta. Meio destrambelhada, assim como eu. Mas o que podia eu mais fazer para você saber o quanto sua amizade é importante em minha vida? Sei que você sabe, mas não custa lembrar porque não quero que esqueça. Nunca.
Relembrando tempos que não vivemos, peço desculpas por essas mal traçadas linhas e os erros do novo português que ainda não aprendi. Seria o cúmulo se eu lhe pedisse para revisar esta carta, como fez com os livros que escrevi. De qualquer forma um beijo saudoso e um abraço confortador.
Da
Merô