No fim...

“Buck e nosso querido filhinho, saibam que eu amo vocês e que os estarei aguardando do lado de dentro do portão leste [...] Chloe ouviu apenas a cora ser puxada e a descida da lamina mortal afiada que a conduziu a vida eterna”

Saga Deixados para Trás – Amargedon pg 274

Tim Lahaye e Jerry b. Jenkins

“No bilhete, Jonas pedia que ela vivesse com felicidade, esquecendo a palavra amanhã quando o assunto era demonstrar seu amor a qualquer semelhante ainda hoje. A nota terminava com um “tchau, meu anjo” e um p.s. que ela não entendera de imediato, mas que a cada dia menos em sua vida, passava afazer sentido. P.S. Estarei junto ao porteiro quando ele vier abrir seu caminho. Te amo. Jonas”

O Caminho do Poço das Lágrimas – 199

André Vianco

“Mas Deus quis Vê-lo no chão Com as mãos Levantadas pr'o céu Implorando perdão. Chorei! Meu pai disse: "Boa sorte". Com a mão no meu ombro Em seu leito de morte. E disse: "Marvin, agora é só você E não vai adiantar Chorar vai me fazer sofrer"...”

Marvin

Titãs

No fim, a única coisa que fica é o amor.

Ouvi em algum lugar que nos prendemos as pessoas para ter alguém que conheça nossa história e sinta falta dos nossos defeitos. Sentei-me para escrever sobre amor e vida, mas minha alma está permeada de morte. E se a vida é um grande teatro as paginas da minha história amarelaram como o meu sorriso.

No fim, a única coisa que sobra é o amor.

Deixo aos amigos meus sorrisos sinceros e minhas gargalhas mais profundas, deixo os minutos de companhia silenciosa que pareceu eternidades, deixo conselhos que não me pediram e abraços que não precisavam. Todos os “nãos” suportados com resignação. Deixou o olhar de quem sabe o que se está pensando. Deixo o tempo à por cabelos brancos nos homens.

No fim, a única coisa que importa é o amor.

Aos meus filhos deixo o amor incondicional, o aperto no coração de vê-los crescer, o sentimento de abandono quando deixam o ninho. Deixo o meu coração, todas as horas que deixei de viver pra mim, os brinquedos pelo chão e os livros na estante, o caminho do Poço das Lagrimas e a poeira da ausência. Deixo meus cabelos brancos e as rugas de meus olhos. As broncas doídas, os “nãos” sentidos com pesar em meu peito. Deixo a minha pouca educação, meu parco conhecimento da vida, toda a minha dignidade, minha honestidade e frágil alegria. Minhas costas marcadas, minhas mãos calejadas, as bofetadas que vida me deu, e toda a “aprendizagem que desci pela janela das traseiras da casa.”.

No fim, a única coisa que tenho é o amor.

À mulher que roubou meu coração, nada tenho a deixar se não o amor, aquele que “tem com que nos mata a lealdade”. Deixo o brilho de meus olhos e o fulgor de meu coração. Deixo minhas pernas bambas e minhas palpitações. Resultado do tom de sua voz, consequência do toque dos seus dedos. Deixo” a caligrafia rápida destes versos, Pórtico partido para o Impossível.” Deixo a vida que me roubou do peito no dia que me olhou nos olhos.

No fim, a única coisa que levo é o amor.

A mim mesmo me deixo por sobre a areia do mar. “Vivi, estudei, amei e até cri, E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.” Deixo minha paginas amarelas e meus monólogos inteligíveis, todas as musicas que ouvi milhares de vezes, toda a vida doada ao amor de terceiros. Deixo a mim mesmo a liberdade de deixa-los ir. Deixo o poder de permitir que cada um siga seu rumo e o prazer de saber que fui amado por um instante de tempo, eternos milésimos de segundo. No fim, deixo a mim mesmo um conselho: “Deixe as enchentes atravessarem a distância em seus olhos” Pois no fim, a única coisa que não posso deixar de ter é o amor.

Hei, quando fim chegar, serei eu que te abrirei a porta do outro lado.

Edson Duarte
Enviado por Edson Duarte em 29/07/2012
Código do texto: T3802710
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