Caro Poeta,

O senhor que escreve tão bonito sobre as dores do coração, que consegue transmitir os encantos da paixão, que me faz devorar tão ardorosamente livros ao léu. Oh, caro poeta, o que fizeste de mau? Qual pecado cometeste pra sofrer tanto assim? Oh, querido poeta, fale para mim. O senhor que fala sempre sobre os bons gestos de sua amada, o senhor que amou tanto que já nem precisa se lembrar do rosto dela para descrevê-la com encanto.

Ah, poeta, me conte então o motivo de sua solidão. Me conte ao certo o motivo pelo qual seus poemas estão em aberto e nenhum possui um final feliz.

Senhor poeta, eu lhe peço, conte-me como chegou aqui sozinho, triste  e belo, com poesias tão ternas e doces, poesias de todos os sabores, de um amor que é bonito demais para existir.

Caro poeta, eu acho que entendi. Se é na tristeza que o senhor encontra inspiração, não merece a felicidade. Se é a solidão que lhe guia a mão, não merece companhia. Se é a desilusão que lhe faz escrever, o medo de explodir de dor por amores só seus, por seus amores errados, errantes e erráticos, ah poeta, não merece sorte, nem afeto, nem acertos. Nem ao menos remédio para curar suas dores de amor.

Senhor poeta, estou com medo. Medo de terminar assim. Com milhões de poesias e sem meu final feliz.

A B Queiroz
Enviado por A B Queiroz em 06/07/2012
Reeditado em 06/07/2012
Código do texto: T3762730
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