Eu
Eu, escravo de mim mesmo, de meus conceitos e costumes, que me escravizo à normas que muitas vezes discordo mas, por convensão, concedo-me o direito de calar, de me esconder nas sombras de um passado que nem mesmo eu acredito. Eu , que quando me calo me dano , me derramo e me condeno. Eu, que sou a sombra do que fui, o desejo contido pelo medo de o ser eu, covarde e crápula , vil tantas vezes, profano tantas outras; que me tenho calado ante às injustiças que presencio e que as vezes até participo eu, não mais que uma criatura reles e desprezível, antes uma sobra de nada, um covarde que por temer o desconhecido tenho me feito mesquinho e simítico às mudanças.
Eu, que poucas vezes me coloco ante o espelho por temer oque ver, que desculpo os erros alheios condenando-me pelos meus, tantas vezes infinitamente menores. Eu, coragem e covardias misturadas num turbilhão de sentimentos difusos e oblíquo, dissimulado de razões e emoções eu, temeroso por magoar magoando-me.