Camarada
Camarada,
Não posso deixar de sorrir ao chamá-lo assim, pois vejo claremente na lembrança seu rosto zangado quando eu o fazia. Na verdade nunca entendi muito bem o porquê da aversão a essa palavra, mas nunca me disse, lembra?
É incrivel como só consigo sentir coisas boas ao trazê-lo à mente e tudo foi perfeito. Ás vezes me vejo perdida, porque não me ensinou como me manter nesse mundo sem você.
A vida é complicada e as pessoas ao redor muitas vezes são odiosas, não entendem, não escutam, será que elas sentem algo?
Nunca pensei em dizer adeus, não a você e não tão depressa. De qualquer forma não nos despedimos realmente, foi apenas um breve aceno com a mão.
Mas a realidade é cruel, ela corroe feito um ácido sobre a pele e a cada amanhecer me faz mais fraca.
Nem sei bem porque não lhe escrevi antes, talvez porque agora quero me prender a ideia de que pode me ouvir em algum lugar, de alguma forma.
Lhe contar o que sinto me faz relembrar os velhos tempos e o trás para perto de mim outra vez...
Abç,
Rosa.