Inversão de valores...
Inversão de valores...
Poeta amigo!! Li e reli teu texto abaixo e tenho "minhas" particulares ressalvas, coisas do meu jeito de entender a educação de nossos jovens, crianças e também os ditos adultos. Certíssimo você pois o( ECA) é ao meu simplório ver, uma cartilha bonita e em desuso qual um elefante branco. Pulemos pois. Nós, eu e você, nada tivemos de mão beijada, um sapatinho, uma roupinha, era coisa sonhada e quando ganhávamos, era um sonho realizado. Sonho grande por sinal. Ter um brinquedo, era tão esperado e também demorado, que penso ser Papai Noel o inventor do sonho maior da infância pobre. Mas a gente dava o devido valor. Havia o preceito, pai era senhor, mãe era senhora. Hoje mãe rica disputa o namorado com a filha e mãe pobre disputa quem rebola mais nos famigerados bailes funk (sei lá se a grafia é essa). Pais ricos ou pobres, estão a se esbaldar nos botequins e boates e a droga corre solta e naturalmente. Vejo uma enorme INVERSÃO DE VALORES em TODAS as camadas sociais. A banalização da vida, (nunca o menor matou tanto), por um mero par de tênis, um celular, ou mesmo uns trocados. Mata-se hoje como nunca dantes visto.
Só muda mesmo o modus operandi, eis que o rico ou manda matar via seus capangas, ou deixa filhinho à solta com carros possantes que mal dirigidos, certamente atingirão o pacato cidadão na crescente vertente de atropelamentos e, alie-se isto à tão em moda "queima de mendigos, negros, nordestinos, homossexuais índios e afins". Coisas de gente bem educada, bem nascida, bem criada, com seus diplomas tirados nos EUA. Ou seja, não faltou preparo, nada faltou, apenas sobrou demasiado e lamentavelmente, julgam-se Deuses, donos da vida e da morte.
As classes menos favorecidas estão antenadas via net, tv e toda sorte de informações mal digeridas, e querem também seu quinhão, o jeans da moda, o carro da moda e por aí vai. Matam!! Traficam e matam para ter. Os mais fracos, caem no submundo das drogas baratas e também matam por centavos que lhes garantam o crack do instante, eis que uma droga cujo poder fulminante é efêmero, precisando reabastecimento constante ao viciado. E a roda da morte gira incessantemente.
Meninas recém-saídas da puberdade, já querem as roupas das estrelas globais, querem também os carros, a fartura da futilidade, lindas e jovens, não meu poeta, não irão se sujeitar ao mísero salário mínimo. Se um emprego conseguem, o patrão bonachão será o deflorador primeiro, depois, a prostituição, as participações nos filmes pornográficos, e, aos vinte anos, são trastes humanos, meninas envelhecidas e já transformadas em párias, eis que o que conta é a beleza física, perdida esta, as calçadas da vida que redundarão no precoce fim de carreira, donde partem para a condição de mulas do tráfico para a de viciadas e abatidas, encontradas nas vicinais da vida. Sorte têm, as que encontram um bom homem, ou seja, "um homem de bolsos recheados, idade avançada que lhes proporcionem a estabilidade do luxo mas nunca a estabilidade do saber, a não ser o perfeito manejar dos talheres para o caso de exibições públicas. (coisa muito normal entre nossos políticos, principalmente, os mais corruptos).
Donde meu amigo, se formos olhar com maior acuidade, estamos falidos dos preceitos morais e éticos, sem distinções de castas, credos, e poder aquisitivo. Impera a Lei da amoralidade, do caos social onde filho mata pai e mãe e vice-versa. Onde assustadoramente, o filho (a) de melhor poder aquisitivo, enfiam seus pais em asilos de luxo com se muito, uma visita mensal e rápida deixando-os no abandono maior, o da solidão na velhice.
No que tange ao filho de menor poder aquisitivo, o procedimento é o mesmo, desta feita, asilos públicos. Em suma, todos iguais.
Onde eu, você, e muitos que ainda ousam o caminhar mais espinhoso, qual seja, honrar pai e mãe, respeitar os preceitos oriundos do berço, não por Decretos e Leis inócuas, mas por premissas próprias. Onde nós cabemos?? Não cabemos, mas lutamos, longas jornadas, lutas incessantes, viver difícil mas calcado em "nossos" Códigos próprios de um viver na corda bamba, mas retilíneo. Ninguém nos obriga a sermos honestos às convicções, não há Lei que nos obrigue, apenas somos assim e não seríamos diferentes. Não aceitamos cangas. Somos nós poeta, que querendo ou não, levamos os acima nas costas, e mais, somos sabedores, estamos em meio a guerra civil mais sanguinária, só não abrimos mão dos ideais e tentativas mil duma esperança atávica ao sonhar um mundo melhor senão para nós, mas para nossos filhos e seus descendentes. Eis o nosso legado!! Um abraço!!
Dorothy Carvalho