INCOERCIVELMENTE, EU TE QUERO!

 

 

Imaruí, SC- 03/01/2007

 

 

Senhora Mendonça:

 

 

Minha Senhora Linda e Muito Amada.

 

 

 

Hoje, eu vou te escrever uma carta muito especial, eu quero dizer diferente, tendo em vista as demais que foram escritas até agora.

Por isso, eu peço a Deus que ajude ou me perdoe, para ou por, escrever esta carta de forma expansivamente emotiva.

Em primeiro lugar, eu quero te confessar com toda a minha sinceridade e te dizer da minha indizível paz quando estou em paz contigo, ou melhor, quando estamos em paz vivendo tão somente esse amor que cismou transitar entre nós.

É lógico que, eu não consigo me expressar duma forma mais autêntica por falta de uma nomenclatura própria, mesmo porque, estou lidando com um sentimento difícil de ser expresso, tendo em vista a sua sutileza e naturalmente por ser um status inerente e muito privativo da minha alma.

Mas uma coisa eu posso te adiantar, é que esse sentimento inefável de paz, com toda a certeza ele nasce em ti, retorna e repousa pacificamente em mim, por isso eu te sou grato eternamente.

Eu também quero te confessar que já era para ter dito essas coisas há mais tempo, mas como tu sabes, eu tenho dificuldades em articular as palavras para te dizer, por isso eu prefiro escrever e dar expansividade aos sentimentos que dormem na minha alma e, provocam sem querer, verdadeiros murmúrios no meu coração.

Isso é claro porque também aprendi que, as palavras os ventos carregam para mais tarde apagá-las, enquanto que se forem escritas, por certo, serão eternizadas.

E assim minha linda, o meu coração vive sôfrego e aos tropeços, é que, ele sendo um porto de querências afetivas, acabou sendo seqüestrado pelo teu amor.

E por falar em sentimentos que dormem, eu devo fazer justiça, embora tardia, é que, eu quero também te confessar que a ressurreição desse sentimento, esse episódio novo de páscoa também é devido a ti.

Fizeste com que eu ressurgisse das minhas próprias cinzas, na verdade, eu sou a fênix egípcia que se acordou mais uma vez em plena era quântica.

Como vez Minha Senhora Muito Amada, hoje numa matinada de amor, com raras e bem escolhidas palavras, eu te faço responsável com cláusula “Ad Honorem” por mim mesmo, pois fui tocado pela tua varinha de condão.

Doce ressurreição se processou em mim e, esse evento quase um milagre, eu também devo aos teus lindos olhos, pois eles feriram candidamente os meus que eram tristes e frios.

Eu sei que o meu amor por ti é torto, mas esse é o meu jeito torto de te amar, isto porque Minha Senhora Muito Amada, até quando eu nego que te amo, aí é que eu sinto que realmente eu te amo.

Amo-te desse jeito torto, porque o meu Anjo da Guarda é o Anjo Malaquias e, ele tem somente uma asa, assim sendo, ele provoca essa doce tortura no meu jeito de amar.

Por isso, incoercivelmente, eu te amo!

Quando estou contigo eu sou envolvido por uma inexprimível paz e, a paz é tanta que, apenas ouço o som líquido da tua voz, cristal raro, um murmúrio da alma me dizendo palavras ternas e confessando-me os teus desejos sacratíssimos e ocultos.

Egoisticamente eu te quero como o meu porto de carícias porque em mim, tu já atracaste os teus lindos olhos de mel e os teus sorrisos de pitanga silvestre.

Minha Senhora Muito Amada, devemos nos orgulhar desse sentimento que parece querer nos devorar, assim como se fosse um fogo que não queima e não se extingue.

Talvez aqui estejamos diante do sutil ardor dos santos e dos místicos, mal comparando, é como se contivéssemos brasas crepitantes no incandescente turíbulo de nossas vidas.

Na verdade, o que eu escrevo para ti são madeiras velhas, produto desse tronco que já é arquejante e que assopra ocas palavras carcomidas e sem valor.

Sim, madeiras velhas que sobraram de um lento naufrágio, falo da minha própria vida que foi uma história, uma fugaz fantasia que se deixou convergir para um mar de espantos e duras veleidades.

Por isso, Minha Senhora Muita Amada, nem pau, nem pedra, nem teoria e nenhuma sílfide sequer, fará com que eu me afaste do caminho que me leva silenciosamente para ti.

Senhora, eu quero te prometer o seguinte:

Que antes de o crepúsculo chegar e deixar atracar a noite sobre esse dia, eu devo e quero e, por isso, eu prometo escrever a mais linda e terna elegia sobre os teus olhos.

Porque eles Minha Senhora Amada, são dois pássaros noturnos que por certo, logo pousarão nos meus sonhos o seu verdadeiro ninho, um inconsciente mesclado de símbolos com fúria de amor e beijos.

Entretanto como isso é um ousado surrealismo, eu devo te confessar que em breve estarei pousando no teu real ninho de amor; na tua secreta e perfumada alcova, aonde me esperarás envolta pelos lençóis exalando o puro aroma do Jasmim Róseo do Cabo.

Será a realização de todos os nossos sonhos, ou melhor, sonharemos juntos e provaremos que: Quem tem um sonho é mais feliz do que aquele que possui todos os fatos.

Mas por enquanto e como isso ainda não é possível, apenas fico te imaginando em cada gaivota que se desprende do horizonte, e vem mansamente voejando ante os meus olhares aflitos.

Absorto como sempre, eu fico apenas querendo decodificar as tuas supostas mensagens em cada onda que se debruça na praia, para logo esvair-se em brancas espumas criptografando o teu nome com as algas.

 

É assim que te amo: INCOERCIVELMENTE!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 29/01/2007
Reeditado em 30/01/2007
Código do texto: T362734