...Cartas de uma suicida: Lodaçal e Plenilúnio...

"Os meus sonhos de amor serão defuntos..."

(Alphonsos de Guimarães)

Puta merda, como eu odeio você!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Eu pensei que tinha sentido o amor, mas foi só um surto de tesão. Hoje eu posso ver isso com mais nitidez.

Eu vi você sucumbindo àqueles fios de cabelo cor-de-ovo-mal-cozido (que eu sempre abominei) - juro: senti o coração (tão, normalmente, lento) acelerar um "tico"...

Mas, não foi suficiente para me tirar desta lama fétida na qual me joguei. Você percebe, otário? Nem a pálida esperança de ciúmes de você mexe mais comigo. Agora tenho certeza de que não quero viver mais nada. Já vivi todas as porcarias possíveis e não possíveis também.

Já não tenho mais interesse no seu amor sexual. Não tenho mais interesse em saber para onde seus olhos se deixam guiar e não quero mais saber dos seus planos porque não os viverei e jamais quis vivê-los.

Cá estou, entre um gole e outro de secura e tédio, pensando no que ainda tenho por cumprir nesta pena contínua que significa viver.

Cá estou, observando um idiota assistindo TV como se aquilo fosse aliviar o sofrimento de ter que trabalhar feito um imbecil durante o dia todo; enfrentar aquele ônibus cheio de gente fedida e ganhar uma miséria no final do mês...

Cá estou, irritada após cumprir uma das tarefas do meu boçal subemprego - fora do expediente, claro - para poder me manter alimentada, afinal, escolhas têm seu preço...

Agora é tarde para querer me salvar desta situação. Já perdi todas as oportunidades possíveis.

~~ deixei o tempo correr em meu desfavor ~~

Observo as pessoas. Tantos sorrisos mentirosos. Ninguém consegue ser totalmente sincero se não se mascarar (assim como eu).

Estou aqui. Escrevo meu desespero sob a lua que parece inchada e entediada de tanto ouvir lamúrias e juras de amor que nunca se cumprirão.

Estou aqui, de novo. De novo sem a coragem de acabar com isso tudo.

E sigo para mais um robótico dia no meio da multidão. Sigo para mais um dia de sorrisos fabricados, ideias copiadas, sensações que não provocam reação alguma, tédio, ingratidão, indiferença...

Amanhã, provavelmente, você vai me procurar. Já sabe o que vai acontecer: IGNORAR VOCÊ MAIS UMA VEZ. (tenho prazer em vê-lo confuso...)

Não que eu não tenha tesão por você. Mas odeio a ideia de não ser a única. Odeio me encontrar às escondidas com você. Odeio ter, um dia, cogitado e cumprido o que a química forçou-me a cumprir. Detesto você, porque você não pensa sozinho, é um conjunto de opiniões ouvidas na hipnótica TV da sua sala de 2m². Você não tem nem o Tico e nem o Teco. Detesto homem burro. (novidade! TUDO para mim é detestável...)

Pior que ouvir suas besteiras sobre UFC e sobre carros que você nunca vai ter, é chegar em casa e me deparar com outro pateta que não larga o vídeo-game que não para coisas que não me interessam mais.

Vocês dois - se fossem os únicos - até que seria pouco sofrimento. Mas tenho aquele outro ignorante em cuja barriga morreu um Rei. Aquele que se acha o mais inteligente e malandro de todos e que me cansa porque cria 'n' estratégias, as quais nem sempre são bem-sucedidas e ainda bajula todo mundo (gregos ou troianos). Detesto gente sabonete; gente que não toma uma posição e fica alisando todo mundo. Odeio quando ele me pede beijos, me diz que tem tesão por mim com aquela boca perfumada pelo fumo que o torna intragável!!!!!!

É assim que estou vivendo, sem emoção por nada. Preciso continuar? Nem burro, nem o pateta, nem o malandro são capazes de me fazer sentir alguma coisa. M O R R I e ainda não tive a coragem de me deitar. Estou feito um zumbi porque não tenho vontade de nada.

~~ O que eu fui fazer comigo, caramba?? ~~

"Vês?

Ninguém acompanhou ao formidável

Enterro da tua última quimera.

Somente a solidão, esta pantera,

Foi tua companheira inseparável."

(Augusto dos Anjos)

Ah.. volto depois para continuar essa merda toda... só isso mesmo que eu sei fazer nessa vida: MERDA.

----------------------continuo depois.

Uma Suicida
Enviado por Uma Suicida em 11/04/2012
Reeditado em 11/04/2012
Código do texto: T3607294
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