Linguas adormecidas

Ficamos ali, apenas olhando-nos, venerando-nos, saboreando a doçura dos beijos salgados que nos escorregam dos lábios, as línguas estão adormecidas, na pele e no ar ficou o cheiro do deleite, os corpos foram explorados e percorridos minuciosamente, detalhe a detalhe num caminho de delicias, inaugurado pelas soberanas do prazer, que embarcaram numa expedição de luxúria rumo ao desatino, abriram caminhos molhados, quentes e húmidos por entre saliências e contornos, tocaram, lamberam e degustaram lentamente todos os relevos, deslizaram a bom porto e esperaram o momento, absorvendo os fluidos soltos no instante em que se ouviram gemidos, e os corpos em contenção, se libertaram, numa explosão de sensações que os contorceu numa vénia merecida às rainhas desta sensual noite de paixão, as nossas línguas.

Helena Correia
Enviado por Helena Correia em 22/02/2012
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