Linguas adormecidas
Ficamos ali, apenas olhando-nos, venerando-nos, saboreando a doçura dos beijos salgados que nos escorregam dos lábios, as línguas estão adormecidas, na pele e no ar ficou o cheiro do deleite, os corpos foram explorados e percorridos minuciosamente, detalhe a detalhe num caminho de delicias, inaugurado pelas soberanas do prazer, que embarcaram numa expedição de luxúria rumo ao desatino, abriram caminhos molhados, quentes e húmidos por entre saliências e contornos, tocaram, lamberam e degustaram lentamente todos os relevos, deslizaram a bom porto e esperaram o momento, absorvendo os fluidos soltos no instante em que se ouviram gemidos, e os corpos em contenção, se libertaram, numa explosão de sensações que os contorceu numa vénia merecida às rainhas desta sensual noite de paixão, as nossas línguas.