CARTA DE UM LOUCO [2]
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Querida,
Resolvi ser escritor.
Aqui tudo bem, o pessoal anda numa calma, deve ser os remédios, porque estavam andando bem depressa, para o refeitório, na hora do almoço
Resolvi ser escritor, outra vez.
É que me falaram que na internet pode se escrever de tudo. Disseram que tem muitos malucos escrevendo artigos dos mais malucos que nós aqui. Então pensei:como sou um maluco beleza, acho que ela não vai se importar de mais um maluco escrever sobre suas maluquices. Só não sei se vão ler os meus escritos, pois... não vão ser eróticos? Mas, aí alguém falou: na internet, tem maluco para tudo o que é maluquice. Animei-me-lhor ainda.
Falei com o doutor sobre o assunto e lhe pedi para usar o computador. Ele, até brincou comigo, dizendo: “Você está louco”! E eu disse: “Não doutor! Ainda sou maluco”.
Sobre o que eu vou escrever? Nem sonho! Sei! Vou escrever sobre um sonho que tive:
Sonhei que eu era louco... Não um louco como esses que eu vejo todos os dias aqui; não um louco como esses que passam todo o dia pela minha porta.
Sonhei que eu era um louco... Mas não um louco como esses que eu vejo na televisão com o olhar perturbado e falso que crê transpassar o universo; falando coisas que nem eu acredito.
Sonhei que eu era um louco... Não um louco que diz “sou livre”, mostrando seus ferros... Não um louco que fala de outros loucos como se ele não fosse louco.
Sonhei que eu era louco... Mas não um louco como esse que mandou um homem plantar feijão no céu, quando os que têm aqui não tá dando para o povo todo.
Sonhei que eu era louco...
Na verdade, meu sonho foi bem pequeno e quando acordei chorei. E sabe por quê? Não sabe?
É por que sonhei que eu era um louco, mas... um louco... por você.
Do seu Maluco Beleza.