Adeus
04:24 da manhã e eu aqui pensando se te digo ou não o que se passa aqui dentro...
além de litros e litros de um líquido rubro insano fervendo nas minhas veias, indo, indo sempre como se não houvesse volta...
além, muito além de células e de hemácias, além, muito além de detritos, suor e cuspe.
Preciso acabar com esse monólogo platônico.
Preciso me despedir dessa sua ausência tão presente, pra que ela se torne o nada e esse nada me conforte.
Já não tenho o que dizer-te, eu me sinto esvaziada de mim mesma.
Mas não era sobre isso.
Era sobre tudo o que foi.
Era sobre esse nó na garganta.
Era sobre essa lágrima que teima em esconder as palavras que escrevo atrás dessa nuvem de auto-comiseração.
Era sobre o amor.
Mas não...
Não procure mais os longos fios do seu cabelo nos meus versos. Eles desemaranharam-se de mim.
É hora e lamento te dizer que você não vai estar na próxima página, você não vai estar no próximo parágrafo, você não vai estar na próxima linha, você não vai estar na próxima letra. Deve ser bem ruim perder o posto de musa honorária de um poeta de quinta que só escreve pra se distrair as 04:49 da manhã.
E, no entanto, eu te amei.