Sentida vela

Eu sofro de uma vela acesa,

que queima a minha vida.

Uma vela vulgar, vulnerável, que não vai durar muito.

Tem um sentimento que flui

pelos vasos quentes do meu corpo sentido,

que solidificam ao tocar o chão,

assim como as lágrimas,

se solidificam ao serem notadas,

se transformando em esculturas tristes,

denotando a minha vida.

A minha vela é pálida

e não ilumina.

Ela se desfaz a mera brisa.

Me equilibro sobre um castiçal de madeira,

que vai ser invadido pelos cupins um dia.

Eu tenho um pavio que vai se transformando em cinzas,

junto com os meus sonhos.

E mesmo que alguém me molde a outra vela,

meu pavio jamais será o mesmo.

Pois, o que estava aqui,

há muitos anos se fundiu com o universo,

se misturando a tudo em minha volta.

E não é mais visível pra ninguém.

Eu seria inteira se não existisse o fogo,

que me queimou a vida inteira,

eu seria eu,

se o vento não salpicasse a parafina quente no meu rosto.

Eu teria ficado para sempre em meu castiçal de ouro,

se alguém não o tivesse roubado e me deixado sem nada,

E a não ser pelo de madeira que me doaram, eu me sinto só.

Se eu não sofresse dessa vela não seria tão vulnerável ao fogo,

não sofreria tanto e nem choraria todas essas esculturas frágeis.

Tão difícil é tudo isso, tão abandonável e triste essa projeção da vela.

Mas eu nem consigo me livrar de toda essa parafina.

vivi star
Enviado por vivi star em 24/10/2011
Código do texto: T3294675