Eu amo você

BsB, 13 de dezembro de 2006.

Eh, meu amigo, a rapadura é doce, mas não é mole! Estou aqui meio que engarrafado: cheio de trabalho para fazer e com um monte de coisas saltitando em minha cabeça, mas não poderia deixar de lhe escrever, até porque faz um longo período de tempo que não mando qualquer novidade para o seu endereço.

Ontem conversando com minha musa ela falou que eu tenho problemas com o sentimento Amor e, que, até mesmo a palavra me deixa embaraçado. Jamais havia percebido isto, nunca pensei que esta diminuta palavrinha pudesse fazer de mim um homem diferente dos outros. Confesso que fiquei chateado, sem argumentos plausíveis para uma resposta convincente naquele momento. Não sei como ela percebeu este meu desvio de conduta. Nem eu sabia dessa minha dificuldade amorosa. Certamente o Amor ainda não havia aportado em mim. Agora, já consigo perceber esta grandiosa esfinge com maior clareza.

Sempre disse a ela: adoro você, ao invés de - amo você. Para ela existe uma diferença enorme entre estas duas afirmativas, muito embora, sejam praticamente iguais para mim. Provavelmente as grandes diferenças estejam na forma como elas são ditas, além de para quem e como.

Minha amada sempre me disse: eu amo você. Ela fala com tanta ternura e tão demoradamente que sinto como se estivesse arrancando pedaços da própria carne para ofertar-me em bandeja de prata. Suas palavras causam em mim arrepios nos pêlos, é algo tão denso e melodioso que custo a crer que mereço tanto. A profundidade de seus vocábulos torna o sentimento ainda maior. Estas três palavrinhas reverberam em meu peito por longos e intensos minutos saltam dos seus olhos, do seu corpo, de suas mãos, dos seus gestos incansáveis e de tudo mais que ainda não pude perceber, para, suavemente, adornar o meu ego. Confesso: não conheço palavras mais doces ou mais puras, nem mais sagradas ou profanas. Ditas para mim, parecem favos de mel a despejar doçura.

Se Aristóteles estava certo quando afirmou que: “o amor é o estado em que as pessoas vêem as coisas como realmente são”, estou frito, minha amada jamais vai me perdoar, mas vou continuar falando para ela - adoro você. Quem sabe um dia eu aprenda o verdadeiro significado destas três palavrinhas mágicas: eu-amo-você.

É meu amigo, quanto mais eu aprecio as idéias desses malucos, mais eu percebo que ainda tenho muito que aprender e, o pior de tudo, é que minha musa é a mais louca das criaturas que conheço.

Um grande abraço,

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 13/12/2006
Reeditado em 05/12/2022
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