Ao meu amado

Vem amado meu,

e espalha teu sangue em meus lençóis.

Este sangue cândido, suado, que vem do prazer, da concha criada com ternura, de tua respiração em meu pescoço,

vem amado meu, invadindo meu corpo e me misturando aos seus universos.

Arrebata-me deste limbo solitário, persistindo com fé pelas minhas existências.

Vem amado meu...

E me persegue com tuas mãos, a minha face que é tua linda!

Vem, mas deixa-me no fogo que suporto queimar a pele por tua ausência.

Pois, tua vida corre longe da minha.

Amado meu, recebe minha confissão egoísta, pois, quando te ponho em meus braços, é só neles que desejo que estejas.

Mas também desejo que essa nossa saga nos alivie, como uma flor desabrochada depois de botão, mostrando a beleza aberta, desnuda e indefesa, perfumando os olhos para uma lembrança sublime da imagem divina pelos trilhos da existência.

Alivia-me, amado meu, como a tinta da caneta que derrama minha dor pelas páginas imaculadas de meu diário que te pertence.

Abençoadas são estas palavras que se desprendem de meu espírito, buscando a minha paz que é você amado meu!

Não quero que vás,

porém, entendo quando precisas ir.

Mas, isso não significa que suporto, pois o ardor de tua falta me evapora as lágrimas, que contaminam o mundo, e lançam no ar o perfume de uma saudade insuportável, que transcende as tuas idas.

Há tempos que não durmo.

E ao mesmo tempo que choro, o medo me sacode os cabelos, por que há um ruído perverso e calunioso, dizendo a ti que me abandone.

Estou pálida e simples,

necessitando de ti amado meu, para mergulhar de volta na luz de teus olhos e esquecer minhas loucas audições.

A esta altura já perdi todas as minhas razões, estou fraca e me sentindo perdida e só, a mercê da vontade divina, que também é tua vontade meu divino ser.

Amado meu, vem amado meu...

Derrama em mim tuas vontades e se abre como a rosa que espera pelo sol, me deixando no fim de meus dias, ainda enamorada pelos teus cabelos!

Te amo!