Road to nowhere

Sei que cometi alguns enganos em minha vida mas nenhum foi pior que esse. Por causa disso eu vago por aí vazia e sem destino, com um buraco no meio do peito onde costumava existir um coração. Porque dessa ferida aberta sangrenta e cheia de pústulas, onde a mesma águia que costumava devorar o fígado de Prometeu vem alimentar-se, vazam líquidos putrefatos, com a única diferença que não há nada nessa cavidade. Apenas um buraco negro sangrando esse sangue empretecido pela falta. O nada ocupa um espaço imenso. E o nada é meu tudo.

Já te falei que dói mais não ter coração do que ter um coração doente de amor? Devolve lá o meu, faz favor. Afinal de que te serve ter ele em tua estante como troféu, ou guardares na tua mesinha de cabeceira pra que ele te seja mais acessível na hora em que quiseres pisar nele? Vê essa mancha no teu assoalho? É indelével, não sai mais. Vê essa lembrança em tua mente? Não se apaga, assim como o rol imenso dos teus crimes.

A nossa estrada acaba aqui. Estou em casa agora como antes nunca estive. O nada é meu lar.

Nihil. Nothing. Always.

Cacau Segobia
Enviado por Cacau Segobia em 25/07/2011
Reeditado em 26/07/2011
Código do texto: T3118573
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