Solidão
São imensos esses corredores e lisas essas paredes brancas. Em desenhos sinuosos prosseguem até uma pequena porta branca; abro-a e vejo o céu do outro lado, azul com grandes nuvens fofas e brancas, tento um passo atrás mas a Insanidade me empurra, caio nos braços de outra senhora, cujos braços verdes recobertos de hera me dão amparo e abrigo; mas quando olho pro seu olho vazado e os cabelos chamuscados de fogo, a pele áspera desertificada do seu rosto e me sorri um sorriso sem dentes... pobre senhora currada e afanada por toda uma humanidade de pestilentos parasitas. A sua imagem me assusta e saio correndo na direção contrária. Quanto mais me afasto dela, mais o verde se esvai, mais o concreto armado se arma e os longos rios de lava preta tomam as ruas e alamedas e matam pra sempre nossa comunicação com ela e a comunicação entre nós.
são terrivelmente solitárias essas andanças
saudade de você.