CARTA AO MEU PRIMOGÊNITO
Belo Horizonte, 28 de abril de 2011.
Cássio, amado filho, valho-me do papel para cumprimentá-lo por mais uma flor colhida hoje no jardim da sua existência, completando agora 47 (quarenta e sete) anos bem vividos, ao lado da sua dileta Adriana e do Igor, seu único filho e meu primeiro neto.
“Campeão”, como costumo chamá-lo, as palavras são pobres demais para expressar todo o carinho, todo o amor que sentimos por você, sua mãe e eu, desde a sua concepção, o seu nascimento e até aos dias de hoje, ao longo desse quase meio século de existência. Como o tempo passa depressa, heim, filho?
Parece que foi ontem que eu me achava nervoso e aflito, andando pelos corredores do “Hospital Nove de Julho”, em São Paulo, próximo das oito horas da manhã, após uma noite mal dormida, querendo saber informações sobre sua mãe e você. Ela havia sido levada bem antes para a sala de parto e eu fiquei de fora, pois naquele tempo não era muito comum um pai assistir ao nascimento do filho. E aí o sofrimento é dobrado, ora se é!
Eu estava desorientado, dormira de calça, camisa social, gravata e sapatos, mas vestia a blusa do pijama num contraste com o resto da indumentária! As enfermeiras e os médicos que passavam olhavam-me cheios de curiosidade, ostentando sorrisos pouco disfarçados em seus rostos.
Fiquei por ali nos corredores, perambulando, até que me chamaram ao berçário e uma enfermeira veio trazê-lo todo empacotado, as faces gorduchas, os olhinhos fechados e o rostinho avermelhado, talvez pelo esforço que fizera ao nascer. Como você veio tão bonito a esse mundo de meu Deus, filho querido! ...
Em prece muda e ardente, agradeci aos céus, a Deus, Jesus e Maria pela sua vinda e chorei, chorei copiosamente. Éramos sómente nós três no hospital, sua mãe, você e eu, pois os parentes todos se encontravam distantes, em Belo Horizonte, enquanto eu e a mamãe, já casados há onze meses, começávamos nossa vida na “Paulicéia Desvairada”, sozinhos e sem a ajuda de ninguém, como sempre.
Agora, quarenta e sete anos depois, escrevo-lhe esta carta para reafirmar todo o nosso amor a você, filho estimado, cumprimentando-o, augurando-lhe muita saúde e toda a felicidade do mundo, ao ensejo do seu natalício, Cássio! Prossiga seu caminho, um cientista, um professor universitário, um homem de bem, orientando e formando jovens brasileiros, novos talentos para a grandeza cada vez maior do nosso país. Que Deus ouça os seus anseios e os atenda, meu querido “Campeão”, eu e sua mãe lhe desejamos hoje, agora e sempre!
Abraços, muitíssimos beijos e as bênçãos do seu pai e da sua mãe. Aleluia! ...
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B.Hte., 28/04/2011