Pai coruja

BsB, 07/02/11

Meu amigo, amanheci com os pardais fazendo folia em meu quintal: ora cantarolando nas folhas flexíveis do coqueiro, ora fazendo amor nos varais do beiral que fica virado para a casa de um dos nossos ilustres e queridos vizinhos. Este remelexo matinal, me fez lembrar dos encantos que estão aflorando em minha vida neste exato momento. Por isto, resolvi lhe dar as boas e belas noticias, antes que elas lhe cheguem pela boca do povo.

Maria Clara esta bem comportada, por incrível que pareça. Estávamos com medo de que ela viesse ao mundo antes da hora. Ela é muito traquina, vive fazendo arte. Às vezes parece pular corda com o cordão umbilical, nada que possa nos assustar. Mas, nem por isto, estamos desatentos às suas brincadeiras extravagantes (rindo).

Hoje a Gláucia vai a uma clínica médica para ver a quantas andam os seus batimentos cardíacos. Quando ela come eles protestam, aceleram os passos e desalinham o compasso, deixando-a quase sem fôlego e levemente cansada. Como ela sempre foi muito cuidadosa, acredito que tudo não vá passar de alguns contratempos indesejáveis, mas previsíveis.

Já estou treinando as músicas de ninar para quando chegar a hora de cuidar da Maria Clara. O engraçado é que essas músicas são, na sua maioria, assustadoras: me causam espanto. Já me pego cantando: “boi, boi, boi da cara preta//pega esta menina que tem medo de careta!” Ou então: “nana neném que a cuca vai pegar//papai foi pra roça//mamãe foi passear”. Estas músicas me parecem malucas. A Gláucia me disse que se eu cantar essas “coisas” para a Maria Clara, ela vai me colocar de castigo, é mole? Disse que vai me deixar uma semana sem pegar a nenê. Será que você não tem aí uma canção mais leve, menos preocupante? Se tiver me manda, meu repertório está meio combalido.

Não sei se você sabe que a Gláucia e os seus pais, são marinheiros de primeiríssima viajem e que ela é filha única, já imaginou como vai ser paparicada essa criaturinha que ainda nem nasceu? Cruzes!... vai ser uma pauleira a disputa para ver quem é que vai cuidar da Maria Clara quando ela estiver bonita e cheirosa. Uma coisa eu tenho certeza: quando ela estiver de xixi e cocô, não serei eu o “paparico” da vez. Meu avô, que era um sujeito austero e justo, sempre dizia que esses pormenores eram obrigações liquidas e certas das mães...(rindo demais). Êita cara porreta!!!

Meu amigo, por hoje é só. Vou ali espantar os pardais, eles estão fazendo barulho feito gente grande.

Um big abraço, fui...