Você e suas razões
Você e suas razões... suas ideias condizentes, o olhar no futuro que não conheço e essa maneira acertada de fazer as coisas acontecerem... eu, eu e essa imaturidade, esse posicionamento medíocre diante da vida, prisioneiro de uma cela cuja chave está em minhas mãos, acovardado por conveniências que me tornam cada vez mais infeliz e solitário... desculpas e mais desculpas para atitudes que deveriam ser mais decididas e levadas adiante. Eu, que tanto acuso, por serem minhas todas as culpas e acomodações.
Você... você e suas razões. Sempre pertinentes, dando seus passos rumo aos objetivos que alcançará, por sabê-los e não temê-los. Admirável persistência e crença no que pode realizar. Dona de tantos espaços que não toma posse, serena presença que a tudo suporta e ainda me atura. Eu... aquele que nunca fez parte de nada porque nada é o que me sobra do que sou. Hesitante em cada passo, inseguro em meu próprio querer. Descrente de meus movimentos, insatisfeito e destruído por mágoas que nunca passam.
Você. Aquela que mais merece o meu respeito, por ter chegado onde chegou e saber conservar o que foi conquistado. Sou falho. Sou nulo. Não posso mais reclamar o que não me pertence. Aceito esse meu fracasso sem a dignidade de um derrotado, mas com a boca amarga pelo ódio que sai de minhas vísceras e escorre em minhas veias fazendo de cada parte desse corpo maldito a encarnação que não deveria ter vindo. Curvo-me às minhas desgraças, consciente de que errei por sonhar. O amor não sobrevive em cabanas...
Você tinha toda razão. Você tem todas as razões. E eu, o nada que resta de tudo o que jamais será realizado.