Sinto e sinto muito receio que tu venhas a ser corrompido em tua essência mais profunda.
Que acabes por prostituir tua alma que me parece tão gentil.
Que a lisonja desvie todas tuas primeiras intenções, que são as que de fato importam.
Temo por ti.
Temo que enveredes pelo caminho mais obscuro deste lugar onde estás.
Conheço tal lugar íntima e infernalmente!
E se nele estou, foi por ter aprendido a sobrevoar desertos abissais.
Sei que posso estar triangularmente enganada quanto ao ser humano que tu és, mas então serias um ator admirável.
Porém, todos os meus sentidos dizem que não, que tua alma é doce e amável.
Percebo teu receio em dar passos apressados e entendo que andes assim, devagar...
E deves ir com todo o cuidado, já que estás vagando acima de um abismo que é atraente demais, demais!
Creio que nem imaginas do que te falo agora, mas se te falo assim é por medo que te percas de ti mesmo.
É para que não te transformes num fantoche guiado por intenções literalmente doentias.
Para que preserves teu núcleo intacto.
Se assim te falo é porque meu eu mais profundo decidiu amar poeticamente o teu eu mais substancial.
Por favor, por este amor, não te percas de ti!
 
Sei que de nada adianta o que te falo agora, mas ainda assim, considerei em meu coração ser o certo.