Tempos modernos

BsB, 19/08/10

Grande amigo, que doideira! Minha vida tem caminhado mais rápido do que o que eu gostaria, ainda assim, estou mais rico, mais feliz e muito mais bonito. Acredito que tudo isto tenha a ver com minha amada que anda colocando mel em meu suco. Vez por outra ela me beija a boca como quem tem fome e vontade de ser amante vinte e quatro horas por dia. Nesses momentos inquietantes, fico afoito, quase louco com a doçura do encontro dos nossos corpos que mais parecem beija-flores construindo ninhos nos beirais até então abandonados. O perfume impregnado naqueles lábios entregues e nus, ganha destaque em meus poros abertos e prontos para receberem tamanha fragrância. Os que nos veem aconchegados, entrelaçados, presos um ao outro, dizem que somos dois sabiás soltos dentro de nossas vestes. Tudo em nós é sentimento e loucura!

Às vezes saio de dentro de mim, me deixo a sós. Minha alma abandona o corpo numa viagem longínqua, vagueia por entre vales e montes verdejantes, sonha e delira com encontros fervorosos com a alma dela. Encontros esses que não exigem de nós o toque, a presença física e muito menos as escrituras dos nossos pertences. Lá nos fundimos em uma única imagem, nos esculpimos como entes abstratos: sem rostos, sem pernas, sem olhos ou ouvidos. Nos tornamos uma esfinge na moldura entalhada por mãos celestiais. Quando volto desses devaneios me vejo fortalecido, com a alma alimentada.

Meu querido amigo, tenho estado em falta com você, mas não é por querer, são os dias que estão mais curtos, mais exigentes. Um dia desses, com certeza, estaremos juntos eu, você e minha amada.

Um grande abraço do amigo Pedro

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 19/08/2010
Reeditado em 05/12/2022
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