CARTA DA LAGARTA PARA A BORBOLETA
CARTA DA LAGARTA PARA A BORBOLETA
Jacareí, 12 de agosto de 2010
Hoje mais uma vez estou aqui na folha,
Como sou toda molenga não tenho escolha,
Alimentando-me de maneira gulosa,
Levanto meus olhos e vejo você formosa.
Eu sou gordinha e em comum temos as cores.
Mal vejo minhas patinhas, mas sofro de amores.
E você magnífico ser de asas finas
Que é tão leve como a suave neblina,
Passa por mim e nem me nota
Preso nesta planta, nesta verde ilhota.
Quero a sua asa negra e laranja.
Venha para mim me de uma canja.
Oh! Magnífico ser alado,
Queria não ser um ser calado.
Vem para os meus braços minúsculos,
Mesmo bem flácidos e sem músculos.
Faça-me apenas feliz.
Sinto que a minha vida esta por um triz.
Quero em meu silencio morrer
E na próxima vida alado vou ser.
Assim espero minha linda monarca
Que deixa em minha esperança uma marca.
Nada mais me resta a não ser vestir um sudário
E ficar a esperar a morte; sozinho, solitário.
Quem sabe exista outra vida
E com asas nela eu seja nascida
E ai, eu percorrerei os céus
E retirarei os nossos véus
E apenas em nossas asas coloridas
Seremos felizes em nossas vidas
Assinado lagarta tricolor.
André Zanarella 12-08-2010