Caríssima

O soar dos sinos da igreja matriz, me remetem aos tempos de infância. Moleque de calças curtas, camisa xadrez, nada de bermuda com estampa e t-shirt.

O mesmo sino que chama as beatas para a reza, me desperta para o agora. Acorda moleque, contente-se com a sua realidade, desça das nuvens, o seu tempo de empinar pipas é findo, corre meu menino que a sua vida está a passar.

E assim o fiz, te encontrei, mas a velocidade dos acontecimentos te assustou, lhe levou a refletir e o medo do passado se reascendeu, e você se viu responsável por um amor avassalador, deu um passo para trás e com medo recuou.

Medo do que, pergunto eu, caríssima?

Não és responsável pelo meu querer, é a sua causa.

Não queira levar o que sentimos sozinha, repartamos.

Não quero mudar nada, nem em você ou em mim, que o tempo faça os ajustes, mas para tanto é preciso tentar e não recuar.

Realmente eu tento acatar o seu pensar, mas para quem demonstrava um afeto crescente, o afastamento só e simples não convence esse meu coração, que realmente se abriu prá ti.

Não vou voltar mais a insistir, só peço reflita mais um pouco e se for possível reconsidere a sua decisão de ontem, e me permita a continuar a ser o seu namorado, e assim confirmar a minha escrita:

Doce vício

A cada dia que passa, eu me pergunto,

e a minha dose, da boa, branca e pura cachaça?

Será que nesta vida só me está reservada

a amarga e insípida aca?

Não creio que isto seja possível!

porque se assim o fosse,

o meu caminho você não cruzaria,

O tempo escoa pelo ralo da minha existência,

E eu cada vez mais impaciente e sem enxergar,

Que a minha dose já foi servida,

Num cálice do mais puro cristal,

Que basta aos lábios levar,

Para da sua pessoa me inebriar,

E para todo o sempre,

Este gostoso e viciante idílio desfrutar

Otas Oekat
Enviado por Otas Oekat em 23/06/2010
Código do texto: T2336868
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