____FAXINANDO A ALMA____
Um dia os sinais foram tão claros que a cegueira
da minha ignorância se dissipou.
Senti os ventos levarem consigo o que não mais
me servia.
Abri as gavetas do meu ser me desfazendo do que
não mais usava.
Me desprendi do apego exacerbado, aceitei que nem
sempre a razão é a direção.
Olhei a vida com compreensão, então, compreendi
que o caminho somos nos que trilhamos.
E se por vezes ele se torna doloroso somos nos que
assim o escolhemos.
Me despi do orgulho e da vaidade deixando meu reflexo
nu se mostrar frágil e humano.
Então, as lágrimas de alivio vieram num turbilhão de emoções.
Me mostrando que já era hora de aceitar o que não podemos
conter.
Na minha total insanidade descobri que a sensatez estava
me levando de volta para quem eu era.
Apenas, um pobre errante ansiando vida, morrendo lentamente.
Dia, após, dia no capricho de se achar acima do mal e do bem.
Sendo o veneno de mim mesma, fui covarde achando que o
comodismo me daria um sinal que viesse a tudo salvar.
Sendo que a salvação estava dentro do meu ser, bastava
somente uma reforma intima.
Aceitei sem pretensão, cansada das dores quis tão somente
libertação.
E depois de muito tempo fui caminhando vagarosamente em
direção a vida.
Liberta do cárcere e pronta para alçar o voo da liberdade.
Sabendo que minha felicidade ou ruína dependia tão somente
da minha coragem.
Neste momento sabiamente minha alma compreendeu sua missão
e se libertou das amarras das ilusões.