Querida Madrinha

Hoje, 11 de maio, estarias completando 92 anos de idade. Que pena não estares conosco e, pena maior: partiste tão cedo.

Cada vez que eu consigo realizar um ideal tu estás presente, pois agora entendo que tua influência me estimula, apesar de todos esses anos de distanciamento.

Sem conseguir te entender, na época, muitas vezes me rebelei contra tuas “idéias mirabolantes”, que eu achava totalmente fora de quaisquer concretizações.

Não, minha Fada Madrinha. Hoje reconheço o quanto tu eras criativa e lamento não haveres alcançado este tempo que estou vivendo. Seriamos uma dupla imbatível, tenho certeza. Muitas das minhas atitudes, hoje, devo ter “herdado” de ti. Teu romantismo, as idéias de vôos quase que absurdos, mas que se pudessem ser postos em prática dariam certo. Sempre foste arrojada e – como várias vezes te disse “maluquinha”.

Pois, minha querida, estarias muito orgulhosa de mim, hoje. Talvez a minha estrela Dalva esteja brilhando sobre mim e dando força, aquela força que tinhas quando era preciso.

Madrinha, nunca esquecerei de ti e os ramos de violetas de Parma que estão na tela do meu computador são a homenagem que faço, pois eram as tuas preferidas.

Tua coragem foi marcante: num tempo em que as mulheres só usavam vestidos muito abaixo dos joelhos, lá estavas tu de “slaks” – que era o nome das proibitivas “calças compridas”; quando mulheres que “oxigenavam” os cabelos eram consideradas prostitutas, apareces em casa loirinha, para escândalo geral...

Foste muito contestadora e avançada. É claro que tive minhas queixas por um certo tempo, mas embora houvesses transgredido algumas convenções, conseguiste remissão e soubeste “dar a volta por cima”.

Minha Madrinha, continua brilhando sobre mim e, em pouco tempo, terás realizado a magia que só uma Estrela Dalva poderia.

Te amo!