___PARA UM AMOR INEXISTENTE____
Escrevi a doçura dos tempos de outrora
para resgatar lembranças adormecidas.
Mas elas haviam migrado por terras
desconhecidas.
Como um inocente condenado injustamente
chorei a dor da verdade que havia em meu ser.
E mesmo assim esta dor lasciva persistiu apunha-
lando meu corpo.
Numa folha qualquer desenhei tolos sonhos como
o tesouro da minha vida.
Mas descobri que não havia tesouro algum, apenas,
abstratos rabiscos deste meu ser.
Quando visitei meu coração, o desencontrei.
Em seu palpitar incostante nem vida, nem amor.
Em suas artérias, ventrículos gélido palpitar num
ritmo amargo.
Não fora preciso desistir, já o tinha feito.
Não me despedi, porque não havia destino para
dizer adeus.
Me recolhi na infinita melancolia desta alma perturbada.
Fechei os olhos a espera de redenção.
Mas as folhas de outono o vento carregou, assim como
a esperança.