Querida Íris
Minha querida, hoje é Domingo de Páscoa. Deves ter ganhado bastante chocolate, pois foste passar o feriado na casa do teu Vô Tido e tua madrinha Cris deve ter dado muitos ovinhos. Já sabes que o Coelhinho e Papai Noel não existem, mas é bom a gente ser criança, pois ganha presentes de toda a “parentada”, não é?
Falando de coisas do passado, hoje eu vou comentar sobre a Oma que, como sabes, era a avó da tua mãe – mãe do Vô Herbert. Ela nasceu na Alemanha e veio para o Brasil com 15 anos. Os alemães têm uma maneira de festejar a Páscoa diferente da nossa, brasileiros. Eles usam muito mais a imaginação e fazem ninhos com ovos de galinha cozidos ou só as cascas, pintadas, e recheadas com amendoim, e outras guloseimas. O teu pai tinge ovos também, pois a mãe dele, a vó Neni, era de origem alemã e deve ter ensinado como fazer.
Quando a tua mãe estava com cinco anos eu fiz um curso de ovos de chocolate e nós todos – teu avô, a tia Helen, tio Ricardo, a Giane (tua mãe) e eu fizemos ovos, de vários tamanhos, coelhinhos e cestinhas para vender. Até tua mãe, bem pequena, enrolava os ovinhos com papel dourado. Fazia bem direitinho. Foi um sucesso daqueles.
Também lembro de quando a tia Lígia e eu éramos crianças, a gente ganhava uma cestas grandes e cheias de ovinhos. Naquele tempo os ovos eram diferentes dos de hoje. Quando eram grandes, naquela ponta maior tinha um vidrinho redondo e, dentro dos ovos, colocavam uns coelhinhos, galinhas e pintinhos, bem como umas figurinhas, como se fosse uma grutinha. Faziam, também, ovos de açúcar. Esses eram bem lisinhos por fora, mas dentro era com um açúcar grande e ficavam umas pontas. Eram lindos...
Quando eu já estava ficando maior, foram aparecendo espinhas no meu rosto e se eu comesse chocolate as espinhas aumentavam. Tua mãe e teus tios passaram por esta fase, também. Pois é... por causa disso a nossa vó Mimo e minha madrinha faziam assim: prá Ivonita, ovinhos de açúcar e prá Lígia, de chocolate. Só que eu adorava chocolate e a Lígia preferia os de açúcar. O que é que a gente fazia? Isto mesmo: trocávamos os ovinhos sem que elas vissem. Pena que logo, logo eu ficava com a cara cheinha de espinhas ... nem precisava contar. Eram tempos muito bons, aqueles, menos para a minha pele, pois minha irmã sempre teve a dela limpa, sem cravos ou espinhas. E a danada nem gostava de chocolate...
Querida, uma Páscoa bem achocolatada e um beijo da tua
Vó Ivonita
04/04/2010