QUERIDA ÍRIS




Olhando aquela foto grande em que eu apareço contigo no colo, no dia que tua mãe voltou da maternidade (tinhas apenas dois dias de vida) e, em seguida, na tela do computador teu rostinho aparece como és, agora, vejo que teu passado é cheio de coisas muito boas. Afinal, são quase oito anos de uma linda menina que nasceu loirinha de olhos azuis e que me deixou toda boba.
Fiquei no apartamento de vocês por um mês, prá ajudar tua mãe e teu pai nos cuidados com aquele bebezinho da fotografia.
Com todo carinho eu fiquei com a parte de lavar as roupinhas e, como não usávamos a máquina de lavar pras tuas, eu as lavava com sabão de côco, só que minhas mãos ficaram feridas mas, mesmo assim, eu continuei até que tua mãe notou e mudamos o jeito – nem lembro o que se fez, pois já faz mais de sete anos... Um tempão, hein?
Mas, foste crescendo bem saudável e as mudanças foram acontecendo: primeiros dentinhos/primeiras palavras/primeiros passinhos; as risadas gostosas e o esconde-esconde, quando tu tapavas os olhos e achavas que, como não vias nada, a gente também não via... Quantas coisas não é?
Numa outra foto que eu “bati”, lá no shopping, tu estás “banguela”e lembrei de quando eu estava mudando os meus dentinhos de leite – com a tua idade – e minha avó queria tirar um, que estava bem molinho na gengiva. Imagina o que ela queria fazer: amarrou uma ponta de fio de linha do crochê dela no dente e a outra ponta no trinco da porta. A idéia dela era puxar a porta para arrancar o dente mole. Claro que eu fiz um berreiro daqueles e ela desistiu. Sabes como ele caiu bem fácil e sem chororô? Quando eu comia uma banana...
Ainda bem que já mudaste todos os teus, pois eu estava pensando em usar o que a minha vó queria usar em mim...
Brincadeirinha da avó que te ama muito.

Fpolis/março/2010