Utopia

Como seria mais fácil se nos olhassemos ternamente, aceitássemos abertamente, perdoassemos sinceramente. E como seria bom se nos ouvíssemos, compreendêssemos e esquecêssemos de que somos seres Humanos normais, talvez estivéssemos livres das amarras de nossa existência.

Escravos de nossos próprios demônios tudo o que condenamos é aquilo que nos condena. E cada passo dado ao longe da "linha da normalidade" é atacado e violentado como milhões de facas afiadas e enferrujadas buscando dilacerar o seu ser e consumir o seu ver. Somos escravos do medo, e enxergamos as coisas com formas que acreditamos, discordamos. Não nos damos o direito de pensar, máquinas sociais, estamos trancafiados a uma série de padrões e ideais que nos prendem como os bloquetes de cimento sob os pés de um batalhão.

Não temos o direito de nos mexer, não temos o direito de acreditar, não temos o direito caminhar, somos amarrados, introvertidos e estrangulados por aquilo que chamamos de normalidade. Forçamo-nos a caminhar em frágeis passinhos, silenciosos e incertos que aguardam sua destruição em meio a esse turbilhão de amarras.

Pois jamais caminharemos num rumo cem por cento correto, pois retidão não quer dizer realidade, e normalidade não significa felicidade, são apenas amarras, que nos reprimem e nos impelem de poder ser plenamente feliz.

E humildemente a implorar repito: "E como seria mais fácil se nos olhassemos ternamente, aceitássemos abertamente, perdoassemos sinceramente. E como seria bom se nos ouvíssemos, compreendêssemos e esquecêssemos de que somos seres Humanos normais, talvez estivéssemos livres das amarras de nossa existência." Mas isso é utopia, assim como as soluções dos problemas do mundo, uma grande e mentirosa utopia.

Ib Souza
Enviado por Ib Souza em 14/11/2009
Código do texto: T1923422
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