Nas entrelinhas - ADEUS
Hoje eu senti o seu cheiro, pude jurar que minha boca sentiu seu sabor. Meu peito saltava e meus olhos procuravam em vão por alguém que eu sabia que não ia chegar;
Todos os sentidos estiveram à flor da pele, em você e em mim. Eu sei. Eu sinto você. Sinto quanto pensa em mim;
Senti o cheiro do corpo, do calor que nos envolveu tantas e tantas vezes;
Revivi os arrepios que eu jurava que eram por causa do vento que adentrava aquela janela;
Renasci em saudade e revirei lembranças que me fazem bem. Você me faz bem, mesmo tão longe de mim;
Hoje eu senti nos lábios o gosto do beijo que por tantas vezes me tirou o sono, me fez perder a cabeça, o juízo, o fôlego;
Não entendo o porquê de tanta falta se sei que você é passado. Um passado bom, maravilhoso, perfeito, mas é passado;
Eu não vou pedir que volte. Eu nem sei se eu gostaria que você voltasse;
Continue ai. Apenas olhe e sinta saudades. Deixe de lado os desejos porque deles não poderemos mais ser cúmplices;
Sei que o erro não foi meu, também pode não ter sido seu. Quem errou aqui foi o tempo. Aquele tempo que faltava enquanto estávamos juntos. O tempo que ficou eternizado em cada caricia, em cada cuidado;
Meu querido, como eu sinto falta do seu abraço gostoso;
Instinto! Foi puro instinto o que nos reaproximou tantas vezes;
Queria mais. Você também queria mais. Era incontrolável, latente, finito;
Uma vida. O seu corpo, o meu corpo, quando desejei não te deixar ir embora;
E enquanto o dia amanhece eu me perco dos teus braços. Somos adultos, fomos amantes, hoje somos apenas conhecidos;
Viva sua vida de forma a reviver os caminhos trilhados. Durante todo esse tempo juntamos flores e agora queremos plantá-las;
Siga. E tenha a certeza de que sua singularidade vai permanecer em mim.
E que se danem os espinhos, as palavras maldosas. Se observarmos as entrelinhas, perceberemos que o único problema do nosso quebra-cabeça foi que nele sempre faltou uma peça: a atitude.