Carta ao nobre Itabirano

Hoje vi falar da sua vida e por conhecê-la um certo tanto, me deu um quê de saudade de poder esperar novas versalhadas livres e brancas vindas de você. Sabe, eu decidi há muito tempo juntar palavras simples para dizer coisas complexas. Até pensei que um dia podia viver escrevendo, mas busquei outro caminho e assumi isso como passatempo. Aí me peguei vivendo e escrevendo. Tem sido bom. Na verdade, tornou-se o lugar onde ponho sementes, que levo nos bolsos, para crescer num entendimento que atravessa o tempo e mudando sempre sua forma. Mesmo que haja uma imparcial, intata, coruscante, petrificante e dangerozíssima forma neutra.

Ufa, viver é mesmo tudo que se vive mais o que se poderia viver. Vive quem quer viver. O nobre itabirano já aconselhou para vivermos mais iludindo-se menos. E você está certo... Só não sei o quanto... Mas a vida é fogo, porque ela vive provando, como se fosse teorias formais de prova, aquilo que tínhamos mais certeza na vida como simples contradições bobas e que ficamos até bobos com quanta bobeira nossa.

Sabe, Drummond, estes dias vi um filme chamado "Tempos de Paz". O autor citava seus versos. E eles sãos os mesmos, imutáveis desde que eu os conheci. Enfrentando as vicissitudes do tempo, mas conservando o amor simples da vida simples das coisas simples da simplicidade simples...

Mas simplesmente verifiquei que o simples ainda é matéria avançada nos céus e aqui ainda aprendemos que para simplificar, devemos cortar as propriedades e atributos dos conceitos para não ter mais que memorizar.

Fique em paz e com Deus, nobre Itabirano!!!

abraços,