5/4/1988.... 21 anos depois.

(ao meu filho Wigo)

Meu filho,

Parece que foi ontem, mas já se foram 21 anos desde que o nosso Deus, através do seu nascimento, me outorgou o privilégio de ser pai – seu pai.

Que bebê formoso você foi meu filho!

E foi assim que se tornou uma criança linda e, como criança cresceu percorrendo todos os caminhos normais e habituais que qualquer criança costuma percorrer: os trambolhões, os choros, as maleitas, a escola…

Eu mesmo, apesar dos reveses da vida que nos distanciaram naquele tempo, pude acompanhar alguns dos seus descompassados passos; esta fase será inesquecível!

Mais inesquecível ainda serão os tempos da tua mocidade. Do feliz momento – não declarado à época – em que finalmente passamos a habitar embaixo do mesmo teto. E embora não tendo sido um pai a que fazia jus, podemos, apesar de mim, consolidar desde então uma amizade que certamente me acompanhará até o respirar final de minha existência.

Ah que vontade que eu tenho de parar o tempo a partir daqui!

Mas o tempo não para!

Agora o meu menino virou definitivamente homem. Prematuramente desde muito já o era. Mas, o que dizer neste dia, além do ‘eu te amo’, ao meu eterno menino homem?

“Filho, como homens que somos, tendemos quase sempre buscar a segurança em nossas próprias forças, em nossa racionalidade, que nos é tão própria. Contudo, é preciso muita coragem para renunciar a tudo a fim de fazer a vontade de Deus e nos lançarmos confiantes em seus braços. Esteja certo que mesmo quando, como homem, for levado, pelo amor, pela família que certamente constituirá, a cuidar, a zelar e a responder por outras pessoas, certamente queridas, estará antes de tudo sob os cuidados carinhosos de um Pai que nos ama e quer o melhor para nossas vidas. Desta forma, seja sempre inteiramente do Senhor, e assim, tornar-se-á muito mais homem”.

Quanto a mim, creia que enquanto houver ar sendo conduzido a partir da minha traqueia até os meus pulmões, haverá também um transbordar de amor incondicional rumo a sua direção.

Feliz aniversário meu filho!

Te amo muito!

Eu – papai.

P.S.: Na falta de um poema próprio para dizer do meu contentamento com o que representa a data de hoje, dedico-lhe, por fim, este poema concebido por outro pai, mas que retrata muito de nós dois:

O filho que eu quero ter (Toquinho)

É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer

Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer

Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr

E assim chorando acalentar o filho que eu quero ter

Dorme, meu pequenininho, dorme que a noite já vem

Teu pai está muito sozinho de tanto amor que ele tem

De repente eu vejo se transformar num menino igual à mim

Que vem correndo me beijar quando eu chegar lá de onde eu vim

Um menino sempre a me perguntar um porque que não tem fim

Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim

Dorme menino levado, dorme que a vida já vem

Teu pai está muito cansado de tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu

Sentir-lhe a barba me roçar no derradeiro beijo seu

E ao sentir também sua mão vedar meu olhar dos olhos seus

Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus

Dorme meu pai sem cuidado, dorme que ao entardecer

Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer Ter.

por Magno Ribeiro em 5/4/2009.

MAGNO RIBEIRO
Enviado por MAGNO RIBEIRO em 05/04/2009
Reeditado em 13/04/2009
Código do texto: T1523356