E o que foi Real?
Fotos, papéis, palavras.
Frações da nossa caminhada decifradas
por uma cega vidência.
Nada condiz com os fatos.
As brigas, os palavrões não estavam escritos nas palavras rabiscadas nas cartas que compartilhamos.
As lágrimas, as caretas, os maus gestos não foram revelados nas fotografias que aparecemos juntos.
A fragrância do nosso suor foi substituída pelo odor dos nossos cretinos pensamentos.
O sabonete está esperando os nossos corpos no banheiro. Pena que
ele ficará empoeirado e passará do prazo de validade. Já que não
banharemos, juntos, os vestígios do amor cometido.
Nunca mais tecerei seus cabelos nas minhas mãos lisas e macias. E você
não mais fará do meu corpo seu objeto de entretenimento.
Fiéis não me foram as palavras. Enganosas foram as imagens congeladas. Ainda bem que as cartas e fotos podem ser perfeitamente rasgadas ou queimadas.
As que mais sofrerão serão as lembranças, as recordações, pois estas não têm como serem arrancadas e postas num esquecimento imaculado.