Nesta minha fase um tanto quanto Jazz, tive algumas surpresas no decorrer dos dias e das emoções que a muito atormentavam meu ser. Então, ao som de Cry Me a River (não a música do Justin, por óbvio!) na divina voz de Ella Fitzgerald, dedico esta postagem a todos aqueles que com seus corações partidos, duvidam que o tempo seja capaz de curar tudo.
Prezado,
Não irei ocultar nenhum fato a você, por mais que meu íntimo insista em negar-lhe a verdade, renegarei meus instintos. Estou aqui para expor até a última gota do meu ser e exorcizar o que a muito já estava morto em mim. Sei bem que não quer ouvir algo que possa ferir-lhe, mas deixei de importar-me com o que pensa há muito tempo. Agora, por mais egoísta que ecoe, só quero saber do meu bem-estar.
Foi assim, gostei dele, pensei nele, amei ele. Algo que muito me surpreendeu, pois, em nada ele fazia meu tipo. Não que não fosse bonito, ele era até demais. Contudo, faltava aquela virilidade com que fui acostumada, aquela intensidade de quem sabe o que quer e não mede esforços para ter. Ainda assim, fiquei encantada por cada detalhe, adorei até os seus defeitos mais irritantes. Ignorei meu sentir. Afinal, não poderia ser real. Ele não combinava comigo. Eu não combinava com ele.
O gostar escondido machucava, gerava um ciúme calado, uma incerteza de sinais, que com o decorrer dos fatos tornou-se algo impossível de passar incógnito: Estava Apaixonada. Fugiu de mim, assim, sem dizer-me o adeus merecido. Não contive minhas palavras e, como criança sem papas na língua, derramei todo meu sentir. Conferi-lhe um poder que os estrategistas jamais permitiriam. Jurava que podia confiar em seus olhos.
Não sei bem o que aconteceu depois, uma névoa enluarada rodeou meus sentidos. E nestas idas e voltas, percebi-me confusa tentando decifrar as razões de seu olhar transmitir esta sensação, de que ele queria algo que eu tenho. Quando me afastava dele, restava presa de novo. Bastava-me um suspiro para cair aos seus pés. Quando distante ficava, corria e implorava por migalhas. Dava-me. Ainda continuo sem saber o que pretendia com isto.
Um dia afirmava sua amiga ser, noutro era sua amada, ou mesmo tinha um lampejo que avisava: “Ele gosta da idéia de ter alguém disponível a amá-lo, mais nada.” Na loucura do amar, provei todos os dissabores; desde a rejeição até a ilusão. Culpa minha ou sua não importa.
Idas e voltas que perduraram tempo demais. A cada segundo, mais ferida ficava. Até que o nevoeiro resolveu dissipar-se. O encanto do luar deu espaço à luminosidade solar. O dia nascendo e a realidade destruindo o que pó já havia tornado-se. Vi um quadro bem diferente do que imaginava.
Ele já tem outra. Passou por mim com outra. O estranho foi que nada senti. Absolutamente nada! Sem lamúrias, sem ciúmes, sem lágrimas, sem mágoas. Apenas uma sensação suave de alívio e frescor. O peso daquela relação viciada acabou, sumiu. E um sorriso tomou meus lábios.
Pronto. Falei. Despejei algo que cri ser incapaz de vir a provar: Minha Libertação. Precisava dizer a você o que eu sentia, pelo puro e simples fato de que necessitava por um fim aquele amor que um dia senti por você.
Não quero ouvir o que tenha a dizer-me. Não quero mais nada que me remeta ao sentimento de outrora. Fico feliz que tenha encontrado alguém. Desejo muito sucesso em sua vida, sinceramente. E agradeço, por mais absurdo que soe, por tudo o que passei com e por você. Percebo hoje que não sou mais a mesma, que não me servem mais os mesmos conceitos. Estou mais segura, mais mulher, mais forte.
Hoje é definitivo: Superei você!