Eterno Amor;
Faz exatamente 07 meses, 03 semanas, 02 dias e 13 horas desde o nosso último encontro. Mas quem está contando? A dor que sinto agora é a mesma da partida, com o agravante da saudade.
Algumas noites acordo de sobressalto e, assim na escuridão, clamo seu nome. Percebo meu delírio em seguida. Pergunto-me se foi a melhor decisão, se conhecendo o resultado imediato teria eu mudado meus atos. Minhas lágrimas calam a resposta. Nunca dou atenção ao que sinto.
Por vezes corro para atender ao telefone, na ânsia de que seja você do outro lado, esquecendo-me do fato que alterei o número logo após a despedida. Alterei-o para evitar o reencontro, caso você retornasse do além mar. Não teria a ousadia de aparecer na minha porta, não depois da nossa última conversa.
Nossa última conversa... Fingi não lhe amar, jurei para mim, para seus olhos, que não sentia mais o mesmo. Falei que estava cansada do seu peso. Menti sobre tudo. Decidi não lhe dar alternativas. Sabia, no fundo, que seu caminho era para longe de mim.
Amado, desde que perdemos o contato sinto este pavor intermitente. Ando pela casa vazia e vejo a mancha de vinho que seu jeito atrapalhado presenteou o tapete. Procuro por seus passos molhados pelo chão do quarto, não encontro aquele DVD do Humphrey Bogart que tanto você assistia. O seu cheiro preso naquela camiseta verde que esqueceu é a única coisa capaz de fazer-me adormecer. Estou assustada com a falta que me faz.
Confesso que outros caras vieram aquecer minha cama. Em vão. Por mais que buscasse vestígios seus neles, não encontrava. Uma dose de relações vazias para a inquietude do corpo.
Estou escrevendo-lhe não porque o quero de volta. Tomei minha decisão. Agora é tarde para retomarmos de onde paramos. Não seria tola de exigir isto. Peço, contudo, que vez em quando, mande-me notícias. Não suporto este silêncio, esta angústia de querer saber como você vai indo.
O amor que sinto, que nunca deixei de sentir, por seu encanto é o mesmo. Ele nunca irá mudar. Desisti de ‘nós’ por um ‘você’ melhor. Estava preso demais a mim, decidindo seu futuro, seus sonhos, pelos meus. Não havia como continuar assim. Não com os talentos seus sendo deixados para trás. Você sabe – como eu sei – que foi a decisão mais acertada. Ainda que as feridas gritem e não se curem.
Precisava dizer-lhe isto. Antes que o dia nascesse e meu ser explodisse, antes que a realidade tornasse a correr em minhas veias.
Dei-me conta agora que estou escrevendo-lhe sem ao menos conhecer seu novo endereço. Mais uma de minhas cartas sem destinatário que jaz na segunda gaveta da cômoda a direita do leito. Mais um delírio da madrugada.
Como rezei para que isto tudo fosse simples, mas não é.
Pensando em você,
Da sempre sua Ruiva.
Faz exatamente 07 meses, 03 semanas, 02 dias e 13 horas desde o nosso último encontro. Mas quem está contando? A dor que sinto agora é a mesma da partida, com o agravante da saudade.
Algumas noites acordo de sobressalto e, assim na escuridão, clamo seu nome. Percebo meu delírio em seguida. Pergunto-me se foi a melhor decisão, se conhecendo o resultado imediato teria eu mudado meus atos. Minhas lágrimas calam a resposta. Nunca dou atenção ao que sinto.
Por vezes corro para atender ao telefone, na ânsia de que seja você do outro lado, esquecendo-me do fato que alterei o número logo após a despedida. Alterei-o para evitar o reencontro, caso você retornasse do além mar. Não teria a ousadia de aparecer na minha porta, não depois da nossa última conversa.
Nossa última conversa... Fingi não lhe amar, jurei para mim, para seus olhos, que não sentia mais o mesmo. Falei que estava cansada do seu peso. Menti sobre tudo. Decidi não lhe dar alternativas. Sabia, no fundo, que seu caminho era para longe de mim.
Amado, desde que perdemos o contato sinto este pavor intermitente. Ando pela casa vazia e vejo a mancha de vinho que seu jeito atrapalhado presenteou o tapete. Procuro por seus passos molhados pelo chão do quarto, não encontro aquele DVD do Humphrey Bogart que tanto você assistia. O seu cheiro preso naquela camiseta verde que esqueceu é a única coisa capaz de fazer-me adormecer. Estou assustada com a falta que me faz.
Confesso que outros caras vieram aquecer minha cama. Em vão. Por mais que buscasse vestígios seus neles, não encontrava. Uma dose de relações vazias para a inquietude do corpo.
Estou escrevendo-lhe não porque o quero de volta. Tomei minha decisão. Agora é tarde para retomarmos de onde paramos. Não seria tola de exigir isto. Peço, contudo, que vez em quando, mande-me notícias. Não suporto este silêncio, esta angústia de querer saber como você vai indo.
O amor que sinto, que nunca deixei de sentir, por seu encanto é o mesmo. Ele nunca irá mudar. Desisti de ‘nós’ por um ‘você’ melhor. Estava preso demais a mim, decidindo seu futuro, seus sonhos, pelos meus. Não havia como continuar assim. Não com os talentos seus sendo deixados para trás. Você sabe – como eu sei – que foi a decisão mais acertada. Ainda que as feridas gritem e não se curem.
Precisava dizer-lhe isto. Antes que o dia nascesse e meu ser explodisse, antes que a realidade tornasse a correr em minhas veias.
Dei-me conta agora que estou escrevendo-lhe sem ao menos conhecer seu novo endereço. Mais uma de minhas cartas sem destinatário que jaz na segunda gaveta da cômoda a direita do leito. Mais um delírio da madrugada.
Como rezei para que isto tudo fosse simples, mas não é.
Pensando em você,
Da sempre sua Ruiva.