Carta ao EU
Aqui estou eu a escrever, com problemas que só eu sei identificar…
A minha ideia de viver é simples, barata, mas não dá milhões, como o totoloto. Apenas gosto de acreditar, de acreditar que existe um lugar, físico e real para eu me deixar levar…seja real ou irreal, mas para onde me possa transportar sempre que a minha mente o quiser…
Acredito piamente que a vida é o que fazemos dela, e que o destino é o que fazemos durante a nossa estadia aqui neste lugar. No meu íntimo não existe um “Deus”, mas sim vários....Cada um cria o que lhe vai na alma, e eu gosto de criar ilusões…Gosto de pensar que algures existe uma família perfeita, uma ligação feita união.
Se pensarmos muito no assunto, que é a vida, chegamos à conclusão que temos vários pilares a rodearem a nossa vista…essas pilares, colunas, o que lhe quiserem chamar, tem diferentes vertentes, nascentes…Temos o que nos é dado mal nascemos e o que vamos criando durante o nosso crescimento…O que nos sai na rifa à nascença é quase impossível fugir dele…e os que vamos criando durante a nossa evolução, é culpa nossa.
…Educação, família, escola, escolhas, profissão…barreiras quase lineares para a nossa sobrevivência…Não que sejam urgentes, mas necessárias…Talvez não pela ordem sugerida, mas, por uma temos sempre que começar, ou seguir a que nos é fornecida quando abrimos os olhos…quando abrimos os olhos, sim, quando é que abrimos os olhos? Quando é que temos a percepção que temos os olhos abertos?
Hoje não sou a mesma, mudei…cresci, aprendi. Se sou feliz? Não sei.
Apenas sei que sobrevivi, o chão da minha vida foi-se dissipando vagamente…as minhas arestas foram polidas e cansei-me de ficar sempre à espera que tudo mudasse, mudei eu. Não sei se estou pronta para viver à minha maneira, apenas sei que tudo vai mudar…
Sinto-me com os pés firmes.
O gosto de bocas diversas que passaram pela minha mente, a fabricação de personalidades que fui inventando ao longo da minha ainda curta existência, fazem com que seja viciada em tudo o que me rodeia e em tudo o que me toca…visão…olhos…boca…língua…
Será que importa mesmo aquilo que se passa à nossa volta?