de onde vem a tua Fome?

Odeio o silêncio!

Odeio tudo o que seja calmo!

Odeio tudo e o demais, odeio pessoas que odeiam.

Adorava poder ter orgulho em tudo, nas pessoas, nas coisas, em mim.

Adorava ser boa, poder dizer que fiz com prazer.

Adorava que tivessem orgulho em mim…

Faço tudo e o mais pelos outros, sempre na inocência, tudo, para vê-los felizes.

Faço tudo e nada recebo.

Queria ser perfeita dos pés à cabeça, que só olhassem para mim e o desdém nada dissesse.

Gostava que tudo corresse sempre bem e eu pudesse dizer que é bom.

Sinto-me fora do contexto, minimizada,

…no além…

Neste momento não sinto fome de nada.

Talvez lá eu conseguisse, um dia.

Sinto-me presa nos meus pensamentos, triste, sem advertimentos e sempre inferior.

Porque é tudo “sempre”?

Porque é tudo incontrolável?

Porque é tudo para lá da vida?

Para lá do conhecimento?

Espera!

Esperem!

Não se esqueçam de mim!

Quero ser algo, quero ser alguém!

Adorava poder responder a tudo o que está engasgado, mostrar a minha imensa loucura, a perfeita sanidade.

Sinto-me!

Atravesso e nada sinto…

Queria gritar bem alto, para que todos ouvissem,

Gritar!

Gritar!

Queria poder ser eu e ninguém estar presente, que todos os poderes mágicos me atravessassem, alguém me chamasse, queria…

Diz!

O quê?

Tudo! Tudo!

Nunca consigo esquecer nada, perdoar, ter toda a razão.

Sim!

A razão pelo qual sou tão ordinária, primitiva, tão eu!

Sem muitas das vezes o não saber.

De onde vem a tua fome?

Isabel Fontes
Enviado por Isabel Fontes em 08/07/2008
Reeditado em 13/07/2008
Código do texto: T1070856
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