CONSIDERAÇÕES FINAIS
O texto que apresento a seguir foi por mim entregue, em novembro de dois mil e cinco, a cada aluno (a) daquele oitavo período do curso de Letras da UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA, do qual tive a honra de ser um de seus integrantes. Naquela ocasião, um dos objetivos principais levados em conta na elaboração e execução desse texto foi a tentativa da liberação afetiva em sua plenitude, visto que quatro anos, logicamente, faz com que os laços afetivos se estreitem. Ciente de que o “devaneio paliativo” poderia se tornar em um inimigo, propus-me a sistematizar e executar as presentes reflexões, as quais deveriam nos levar a viver intensamente aqueles poucos momentos que nos restavam.
Na nossa caminhada, muitas vezes nos excedemos na focalização do futuro. Gastamos horas a fio na sua confecção. Zelar por ele é importante? Sem dúvida! Um dia o futuro tornar-se-á presente. No entanto, quão triste será se não soubermos usufruir o que “arde invisível no perto e sopra em silêncio no agora”!? Se bem olharmos, veremos que algumas sementes que foram plantadas no passado se tornaram árvores frondosas. Estão dando frutos. Só nos resta estender a mão e tomá-los.
Que as referidas reflexões sejam proveitosas aos leitores!
“Não te embales muito na miragem
do longe e do depois, a fim de não
perderes o que arde invisível no
perto e sopra em silêncio no agora”.
(Machado de Assis).
Meus queridos (as), talvez devesse começar este texto dizendo: como passaram rapidamente esses quatro anos! Mas não procede. Eles passaram como deveriam. Nós é que pensamos havermos corrido incertamente. Ora em consonância com o tempo, ora além ou aquém do mesmo. Como explicar, por exemplo, os momentos em que pensamos exatamente o contrário: “esse tempo não passa... É sexto (ou sétimo) período ainda! Já não agüento mais”?
Seja como for, rápido ou devagar. O tempo passou. E o momento da nossa despedida parece exceder em velocidade a própria luz – conhecida mundialmente pela invencibilidade nesse dote e até mesmo usada para medir distâncias entre os planetas, as estrelas, as galáxias etc. Logo, cada um seguirá o seu caminho: uns se casarão; outros farão uma pós-, um mestrado; ou mudarão de área __ como é o meu caso, farei teologia; procurarão um emprego. Enfim.
Confortar-se, dizendo que haveremos de nos ver no futuro, é um devaneio até paliativo. Mas, também, não procede. Tão logo a realidade, inflexível como é, por-nos-á diante dos fatos. E aí? Como ficamos?
Estas (entre outras) reflexões, sumariamente expostas aqui, fizeram-me encarar a realidade e pensar mais detalhadamente na nossa classe. Se seguirmos cada um de per si o seu caminho é inevitável, em contra partida, evitável é o erro do não expressar o seu valor para mim e o quanto valeu a sua companhia. Nessas perspectivas, divide-se o presente texto em duas vertentes: os meus agradecimentos de um lado; os meus pedidos de desculpa do outro.
Antes, porém, um questionamento: por que é importante encarar tal realidade? Apelar para o devaneio paliativo de que falamos talvez nos prive de um sofrimento imediato. Isso até seria bom, se não nos privasse também de vivermos intensamente os momentos presentes. Assim, desencorajado de procrastinar a revelação dos meus sentimentos, quero expressá-los agora, sem confiar na incertibilidade do depois. Hoje, eu estou com vocês, amanhã...
Agradeço...
Aliás, antes de agradecer, deixe-me contar um fato: quando terminei o Ensino Médio em dois mil e um, em cujo ano se “desfazia” a classe (não a amizade, logicamente, a qual esperávamos que atravessasse as décadas), fiz um pedido a Deus – que ele me desse, no Ensino Superior, uma turma pelo menos igual àquela.
__ Ele excedeu as minhas expectativas!
Agradeço a cada integrante da classe, sem distinção. Aquela palavra de ânimo... Aquele sorriso; ou mesmo um puxão de orelha. Aquele elogio. Aquele xérox cuja despesa não me foi repassada. Aquele material da Internet, quando eu não podia acessar. Aquele lanche. Enfim. Agradeço por toda ajuda que recebi ao longo desses quatro anos.
Peço perdão pelas minhas debilidades. Sei que falhei muitas vezes. Quem sabe deixei de motivar alguém (...). Se sou perfeito, o sou em Cristo, o qual, por sua soberana vontade, me uniu a si. Por isso, uno-me ao Apóstolo Paulo ao dizer: “já não sou eu quem vive, Cristo vive em mim” (Gálatas 2. 20). Além disso, Hebreus 10. 14 afirma: “Porque, com uma única oferta, (Cristo) aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados”. Na carne, não há perfeição em mim. Nela reside a propensão ao erro. Portanto, repito: perdoem-me. Se ofendi alguém...; se me calei, quando deveria falar...; se falei, quando deveria ficar quieto... Não é tão fácil driblar a insuficiência da carne. Se posso, quero apenas crer que fui mais útil do que inútil. E, também, que tive mais momentos de perfeição em Cristo do que de imperfeição na carne.
Quanto ao mais, nunca desistam! De todos os segredos indispensáveis ao sucesso, um deles é a perseverança. Confio-me e a todos que estão lendo, lerão ou de alguma forma fazem ou fizeram parte dessa família, aos cuidados das legiões de anjos celestiais que manifestam os desígnios do SENHOR aqui na Terra. Hebreus 1. 14 questiona afirmativamente: “Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?”.
Graça e paz!