MINHA HISTÓRIA DE AMOR

Morava numa cidade distante quando conheci uma estudante de Direito vinda de uma cidade próxima a minha cidade natal. Eu tinha uma agência de propaganda falida. Conheci ela numa pensão onde fora morar para cortar os últimos gastos. Éramos almas-gêmeas. Ela namorava um cara que não lhe dava importância e eu não me perdoaria se vivesse minha vida sem tentar combiná-la com a dela. Ela era tão minha alma gêmea que parecia minha irmã, minha mãe, minhas primas, meus sonhos, acrescentando a parte libidinosa. Naquele ano tinha cancelado minha ida embora para Portugal, onde já tinha emprego arranjado. Haviam dois anos que a mais amada de todas as que tivera tinha me deixado. Sofria muito ainda.

Primeiro ela foi minha amiga e eu confidenciei-lhe todas as minhas dores. Um mês depois, na noite de sexta em que lhe abri o coração, à luz de vela em um bar num porão, lhe escancarei meu ser, dizendo-lhe de todos os meus sonhos eternos e de como ela entrava neles como se lá sempre tivesse estado.

Ela me disse que eram iguais aos seus e que gostaria muito de entrelaçá-los uns aos outros, mas que lamentava, pois tinha um namorado – o cara que não lhe dava a mínima. Melhor era dar um tempo, acrescentou.

Fiquei ali parado, de boca aberta, tendo levado outro fora, bem mais duro que os tantos outros que já tinha levado, pelo fato de a moça se tratar de alguém por quem eu me punha febril e delirava quando estava perto, inebriado por um cheiro esquisito que emanava de seus poros e me punha doido.

Pensei em roubar-lhe um beijo, mas o tempo se foi e a coragem não veio. Então ela debruçou-se na mesa e me puxou pelo colarinho, tocando forte os meus lábios cmo sua boca trêmula de um gosto doce, e me pôs a pensar e flutuar numa dimensão insólita. Achei melhor não perguntar o que se dera com o tal tempo. Apenas desfrutei dos seis anos que com ela fui feliz, pensando que era o Dom Juan de Marco, o que de fato fui, até que ela não mais me quiz e me fez sair de sua vida e de nossa casa aos pedaços.

Hoje restam as lembranças daqueles anos felizes, mas que se vão ofuscando trocadas pelas cândidas histórias que vivo com a mulher mais maravilhosa que há, que me faz feliz e um tanto, fazendo que meus olhos a vejam como a mais linda, que de fato ela é, por dentro e por fora.

Wilson do Amaral

Bê Hauff Witerman
Enviado por Bê Hauff Witerman em 21/05/2008
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