HAL FOSTER
A Idade Média com o Príncipe Valente

 

   Um artista extremamente detalhista, que chegou a trabalhar mais de 60 horas por semana, ao longo de quase toda a sua longa carreira, na produção dos roteiros e desenhos das histórias de um dos maiores heróis épicos dos quadrinhos, o Príncipe Valente. O artista era o canadense Harold Rudolf Foster – ou, simplesmente, Hal Foster – que também foi o primeiro desenhista das adaptações de Tarzan, outro herói inesquecível, para as HQs. Os leitores foram capturados pela precisão no desenho dos cenários, vestimentas e situações, especialmente das cenas medievais de O Príncipe Valente.
   Foster nasceu em Halifax, cidade da Nova Escócia, no Canadá, em 16 de agosto de 1892. Começou sua carreira como ilustrador de publicidade, para empresas como Stovel, Comercial Art Co., W.M. Buckley Studio e Brigdens Limited, no Canadá. Desde 1919, o artista começou a frequentar Chicago, nos Estados Unidos, apresentando trabalhos a empresas da cidade norte-americana. Aos 29 anos, conseguiu um emprego em Chicago e começou a frequentar aulas da Chicago Academy os Fine Arts.
   As histórias em quadrinhos surgem na trajetória de Hal Foster como uma forma de sustento. O primeiro personagem foi o herói criado nos livros de Edgar Rice Burroughs, Tarzan. O menino filho da aristocracia inglesa que é criado por macacos na selva africana e se torna o defensor de seu habitat nunca realmente encantou Foster. Ele recebeu a incumbência de produzir as histórias de Tarzan quando o ilustrador dos livros de Burroughs, Allen St. John, não aceitou o convite do publicitário Joseph H. Neebe, que tinha comprado os direitos de adaptação para as HQs.
   Foram 60 tiras diárias, entre 1929 e 1930, até que Tarzan foi vendido para o United Feature. A partir daí, Hal Foster passou a dividir a produção das histórias com Rex Maxon – que produzia as tiras em preto e branco para os jornais, enquanto Foster desenhava as páginas que saíam aos domingos, em cores. O canadense Foster não simpatizava com o “herói imperialista”, que conseguia ser mais forte e hábil que os macacos. E, confessava, não se sentia à vontade com os cenários das histórias.
   Em 1937, entra na vida de Foster o personagem que marcaria sua carreira: o Príncipe Valente. Ao longo de quase 35 anos, apoiando-se em seu conhecimento da Idade Média, ele produziria texto e arte para o personagem, que vivia nos tempos do Rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda. A primeira história foi publicada em 13 de fevereiro de 1937, e Hal Foster as produziu, ininterruptamente, até 1971, quando já afetado pela artrite e pelos efeitos da idade, escolheu John Cullen Murphy para substituí-lo, após testar diversos artistas. 
   A partir daí, Hal Foster supervisionou o trabalho, garantindo a manutenção do padrão com que os fãs se acostumaram. O artista morreu em 25 de julho de 1982, em Spring Hill, na Flórida. A aventura épica, que por muitas vezes tinha um ritmo lento, mas trazia um surpreendente apuro histórico e gráfico, foi produzida por mais de 80 anos, até 2018, e ainda é republicada – como na edição completa lançada no Brasil pela Planeta deAgostini.

 

(Parte da coletânea FERAS DOS QUADRINHOS, em produção, de William Mendonça. Direitos reservados.)