BIOGRAFIA RICARDO FONTOURA - PICANHA ASSADA, SUA PAIXÃO
Seria um contrassenso Ricardo não ser apaixonado por carne bovina. Trabalhando com a pecuária de perto, ele aperfeiçoou seu gosto pela boa carne, principalmente o tradicional churrasco. Aquele churrasco goiano, com carne sendo servida o tempo todo.
Ricardo viajou o mundo. Sentou-se em mesas de restaurantes finos, de alta culinária, como na Itália, na Argentina, na França. Fez questão de experimentar de tudo. Sempre era aberto às novidades gastronômicas. E comia com verdadeiro prazer.
Nunca foi de recusar um prato. Cultura para ele também se manifestava na forma de comer. Era um jeito de aprender sobre os costumes de um povo. E isso chamava sua atenção. Ele tinha curiosidade, interesse, desejo por isso.
Desfrutava de uma paella ou tortilla em Madri, na Espanha, com o mesmo prazer que comia um cassoulet em Paris. Ou uma galinhada em Goianésia. Não era homem de um gosto só ou de ser partidário quanto ao garfo. Era muito democrático à mesa. Quanto mais diversidade, melhor. A descoberta em si era um prazer peculiar.
E isso rendia saborosos assuntos em outras mesas. Falar sobre culinária era algo que lhe dava real prazer. Ricardo e Myrinha gostavam de comparar uma comida com outra, citar curiosidades, tradições. Ou seja, a culinária era mais que a comida em si. Era a percepção da comida, o que se achava dela também.
Apesar de ser um homem que saboreou pratos ao redor do mundo, sua predileção era o churrasco de domingo, em casa. Por tudo que o cercava: reunir família e amigos, cerveja para acompanhar, ele pilotar a churrasqueira e, claro, a carne em si, no ponto que ele gostava.
A picanha assada, mal passada como reza o manual, era sua paixão gastronômica maior. E a que ele preparava era a melhor, na sua opinião. Era o máster chef e o próprio jurado.
Ricardo adorava servir os convidados e discorrer sobre como uma carne fica boa, desde o tratamento dado ao boi no pasto ou no confinamento. Era um território que ele se sentia o rei. Tinha seu lugar de fala bem natural.
Ricardo fazia verdadeiros discursos ao cortar e servir a picanha. Ele ensinava que a boa picanha deve ter carne e uma boa capa de gordura. Dizia também que a picanha fica junto ao coxão duro, que deve ser retirado acima da terceira veia da peça e ser limpa de todos nervos.
Ele explicava que a gordura é fundamental para ter uma picanha macia e suculenta, pois os sucos da gordura escorrem pela picanha enquanto ela assa, tornando-a mais saborosa e macia.
Assim, a gordura da picanha perfeita é uniforme, sem falhas e buracos, com pelo menos 1 centímetro de altura, branca ou de um amarelinho fraco, pálido.
O churrasco era mais que uma refeição, era uma cerimônia sagrada para ele. Era ali que a comunhão entre as pessoas ficava mais forte e era onde o prazer de devorar uma comida atingia seu ponto mais alto.