BIOGRAFIA RICARDO FONTOURA - NÃO LEVAR PROBLEMAS DO TRABALHO PARA CASA

Aquela velha máxima de não levar o trabalho para casa era algo muito contraditório para Ricardo Fontoura. Ele lidava de modo complexo com isso. Primeiro porque era difícil ver nele a linha que separava o que era trabalho do que não era. Acordava de madrugada e o primeiro pensamento do dia era sobre trabalho. Dormia pensando em como resolver alguma demanda não resolvida do dia. Seu coração pulsava nessa direção.

Durante as reuniões de família, seja no seu núcleo doméstico ou com os pais e irmãos, o assunto estava lá, ao lado do churrasco, ao lado da cerveja. Nos mergulhos na piscina, entre uma braçada e outra, o trabalho ganhava um comentário ou outro. Tinha toda a atenção do mundo da parte de Ricardo.

Era algo que ele discutia com a esposa, Myrinha, com os filhos Rodrigo, Tereza, Henrique e Julia. Mas fazia isso sem pesar a mão, sem ser pedante. Sem forçar o assunto. A forma como trabalhava dizia muito do homem que era. Seus valores éticos e morais eram aplicados no dia a dia dentro das empresas. Era impossível recortar esse aspecto da vida dele. Era parte dele. Mais que isso: era ele em sua essência.

Em algumas situações, Ricardo contava alguma história que o havia comovido dentro da empresa. Alguma situação envolvendo colaborador em dificuldade. E pedia a opinião de Myrinha sobre o que poderia fazer para ajudar. Era algo frequente. Gostava de ser generoso, mas sem ser injusto com o restante da equipe. Era uma balança difícil de equilibrar, que ele desafiava sempre. E na maioria das vezes obtinha sucesso no que propunha.

Levar o trabalho para casa não era algo que Ricardo via como um problema. Via como uma parte importante da sua vida. E era algo que ele gostava de compartilhar, colher opiniões e inspirar as pessoas com as coisas que vivia. Isso era algo bem claro para ele. Não havia qualquer conflito até aí.

O que Ricardo, no entanto, não gostava era de deixar o impacto de um problema do trabalho afetar sua convivência em casa. De viver algo bem desagradável no ambiente laboral e chegar em casa e descontar sua raiva nos filhos ou na esposa. Era um mandamento para ele não deixar isso acontecer. Quase sempre conseguia, mas sempre tentava. Era um luta constante.

Como líder, era algo que ele transmitia aos seus colaboradores. Costumava repetir como mantra ao pessoal que tinha cargo de liderança o seguinte ensinamento:

- O dia que você tiver que chamar a atenção de um funcionário, e ser mais duro, faça isso na parte da manhã, no momento que o colaborador chegar. Se você fizer isso na parte da tarde, ele vai para casa chateado e vai descontar no filho, vai descontar na esposa, pessoas que não têm nada a vez com os atropelos do serviço no dia a dia.

Era uma estratégia que ele acreditava ser eficaz.

- Então você faça cedo porque até a hora que ele for para casa, já se esqueceu daquela bronca. Ele já admitiu que ele errou, ou que ele não errou, mas ele já chega em casa sem querer descontar em ninguém.

Pode parecer algo pequeno ou sem importância, mas na realidade o que Ricardo sugeria alcançava bons resultados. Evitava conflitos familiares. Ajudava tanto no ambiente de trabalho como familiar. Era uma técnica de gestão, que poderia passar despercebida, mas que era pensada como outra qualquer dentro da empresa.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 05/05/2022
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