BIOGRAFIA RICARDO FONTOURA - FAMÍLIA ACIMA DE TUDO

A instituição familiar sempre foi o epicentro da vida para Ricardo. Desde criança aprendeu a respeitar, admirar e amar os pais, os avós, os irmãos. Cresceu com esses valores. Mais do que um sentimento que gerava ações individuais, Ricardo aprendeu a pensar no que seria bom para a família, a se ver como parte de um organismo maior, de uma organização.

Seu pai, Otávio Lage, era seu grande ídolo. Além de ama-lo profundamente o pai, Ricardo era um fã, idolatrava o pai. Não apenas no tempo de criança. Foi uma adoração que atravessou os anos e perdurou até o fim da vida.

Sempre foi o seu herói favorito. O tipo de herói que não desbota conforme passa o tempo e já não se é mais criança. Pelo contrário, a idolatria passou por várias fases e se fez madura, racional. Mais do que modelo inalcançável, se transformou em mentor, em guia.

Ricardo gostava de acompanhar Otávio pelas atividades na fazenda, cuidando do gado, trabalhando a terra, conversando com os colaboradores. Menino, Ricardo olhava tudo com bastante interesse. Como se ali estivesse um professor ministrando a matéria mais importante da escola.

Ricardo sempre foi muito de observar e tirar aprendizados no exemplo. O que o pai falava ficava guardado na cabeça dele, mas o que surtia mais efeito era o que via o pai fazer. Todas as movimentações de Otávio Lage nas empreitadas do agronegócio da família encantavam o menino Ricardo. “Quando crescer quero ser igual o meu pai”, costumava falar.

A mãe, dona Marilda, era sua grande amiga e conselheira. Ricardo admirava a serenidade dela em resolver conflitos, em não querer os holofotes, em ser uma pessoa de bastidores. Sempre foram muito próximos e muito conectados. Era a pessoa que mais o compreendia no mundo. Entendiam-se pelo olhar.

Com a mãe, a comunicação tinha fluidez muito natural. Às vezes nem de palavras precisavam. O olhar, o gestual já cumpria muito do que é um diálogo de verdade. Tinham uma química fora do comum. Um sabia quando o outro não estava bem, mesmo com todos os disfarces. Eles conseguiam ir além das aparências e alcançar o interior um do outro.

E isso permitia a Ricardo ser sempre muito aberto e transparente com a mãe. O que sentia, o que via, ele fazia questão de dividir com ela. Era sua grande confidente, a pessoa que conseguia ver alguns dos planos do filho quando eles ainda tinham forma de semente. Ricardo fazia essa leitura e se sentia muito acolhido pela mãe. Não só no afeto materno, que é natural. Se sentia compreendido como ser humano.

A formação de Ricardo como homem acabou sendo muito influenciada por uma mistura em igual parte dos pais. O empreendedorismo e a energia para realizações do pai e a discrição, a habilidade diplomática da mãe. A capacidade de se sentir confortável nos bastidores, longe das luzes.

O sucesso alcançado na vida, seja no mundo dos negócios ou no âmbito familiar, Ricardo sempre admitia que tinha muito a ver com a forma como fora criado. Com o melhor dos dois universos: do pai e da mãe. Habilidades que moldaram seu caráter e sua forma de agir frente os desafios da vida adulta.

A convivência com os pais foi mais intensa na infância, na fazenda. Entre as brincadeiras com os irmãos e os estudos, Ricardo começava a se apaixonar pelas atividades do agronegócio. Mais para ficar perto do pai do que pelo trabalho em si, diga-se. Mas é possível que a semente tenha sido plantada nesta época. Muitos anos depois e experiências diferentes em terras distantes depois, Ricardo voltou e se transformou em um homem parecido com seu pai, um homem que trabalha no campo, que produz alimentos, que gera riqueza, que é ponte para a realização de sonhos.

Na adolescência, Ricardo foi estudar em colégio interno. Uma escola administrada por padres no interior de Minas Gerais, bem próximo a Belo Horizonte. Logo depois já estava no que hoje é o ensino médio. Coincidiu que nesta época, o pai era governador de Goiás. Otávio Lage fez questão que os filhos não morassem no Palácio das Esmeraldas – residência oficial do governador – para não se acostumarem ao luxo e às regalias. Temia que isso estragasse os filhos, que os condicionassem a não batalhar pelos seus ideais, a terem uma visão de que o mundo estava para lhes servir e não o contrário.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 04/05/2022
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